Decisão envolve carros, moto e apartamento; moradores descobriram suposto esquema após cobrança de taxa extra
A 1ª Vara Cível de Águas Claras determinou, na última terça-feira (6/5), o bloqueio de bens da ex-síndica Daniele Nóbrega, acusada de desviar mais de R$ 350 mil do condomínio Residencial Monte Carlo, onde atuava como administradora. A decisão judicial atinge três veículos registrados em nome da investigada — uma Volkswagen Saveiro, um Fiat Argo e uma motocicleta Yamaha Crypton — além do apartamento onde ela morava, localizado no próprio condomínio.
Daniele está presa preventivamente desde o dia 16 de abril e responde por crimes como furto qualificado, fraude, abuso de confiança e falsidade ideológica. A defesa nega as acusações e afirma que a cliente já depositou o valor de R$ 40 mil, supostamente correspondente à quantia real em discussão, segundo sua versão. Os advogados também classificam o bloqueio como uma medida cautelar, adotada antes da conclusão do processo judicial.
Um pedido de bloqueio de contas bancárias também foi feito, mas foi indeferido, pelo menos por ora.
Desvios teriam financiado negócio pessoal
As suspeitas começaram a surgir há cerca de dois meses, durante uma reunião informal entre moradores, logo após uma assembleia extraordinária em que a então síndica propôs a cobrança de uma taxa extra de R$ 40 mil. Segundo ela, o valor seria destinado a um “bate-fofo” — procedimento técnico preliminar em obras de recuperação de fachadas revestidas com pastilhas.
O pedido acendeu o alerta entre os condôminos, que passaram a exigir a apresentação detalhada dos gastos realizados no último ano. Após relutância e demora para disponibilizar os documentos, Nóbrega apresentou os relatórios, que passaram a ser minuciosamente analisados por um grupo de moradores.
Durante a investigação interna, foram encontrados indícios de uso indevido dos recursos do condomínio. Entre os gastos, chamou atenção a compra de materiais e equipamentos que teriam sido usados para montar uma esmalteria em Ceilândia, empreendimento particular da ex-síndica. Notas fiscais, comprovantes bancários e registros contábeis reforçaram a suspeita de que as verbas coletivas foram utilizadas para fins pessoais.
Nos documentos apresentados por Daniele Nóbrega na prestação de contas, essas despesas apareceriam registradas sob categorias genéricas como “manutenção” ou “outras despesas”.
Clima de revolta e desconfiança
A revelação do suposto esquema gerou indignação entre os moradores do Residencial Monte Carlo, que agora buscam, além de responsabilizar criminalmente a ex-síndica, garantir a recuperação do valor desviado. A decisão judicial de bloqueio de bens é vista como uma medida importante para assegurar possíveis ressarcimentos futuros.
O caso segue em investigação e, se condenada, Daniele poderá responder por múltiplos crimes relacionados à má gestão e apropriação indevida de recursos do condomínio.