Campanha Janeiro Branco visa conscientizar sobre a importância da saúde mental no novo ano que se inicia
Prestes a completar dois anos de duração, a pandemia da covid-19 alterou radicalmente a rotina da população, forçando-a a se isolar e a viver em um cenário incerto. Apesar de a vacinação em massa ter permitido grande queda nos casos graves e mortes, além da volta à grande parte das atividades presenciais, o impacto que esses dois anos teve na saúde mental das pessoas foi enorme, e é preciso cuidado para que transtornos como ansiedade e depressão sejam tratados e não afetem de forma grave até mesmo a saúde física.
“Este período tornou tudo mais delicado. Afinal, o distanciamento social, o trabalho remoto e a impossibilidade de sair de casa forçaram muitas pessoas a ter que encarar situações das quais antes conseguiam se blindar de alguma maneira", comenta a psiquiatra do Hospital Brasília/Dasa Carolina Tajra.
Para começar o ano com chave de ouro é preciso destacar a importância de cuidar da saúde mental. Pessoas que enfrentam problemas nesse aspecto da vida costumam ter seu pensamento, humor e comportamento negativamente afetados. A parte delicada é que, muitas vezes, a causa dos transtornos psicológicos não é bem definida, podendo ir desde fatores biológicos, como genes ou química do cérebro, até experiências de vida, como um trauma ou abuso. Ter um histórico familiar de problemas de saúde mental também pode influenciar consideravelmente.
Existem inúmeros tipos de transtornos mentais, mas temos percebido um aumento significativo em alguns quadros, que acabaram se tornando mais comuns na sociedade, como: ansiedade; depressão; transtorno bipolar; esquizofrenia; e distúrbios alimentares.
Impacto na saúde física
Além do sofrimento psíquico causado por esses transtornos, eles podem causar sintomas físicos. Por exemplo, a ansiedade pode gerar palpitações e dificuldade de respirar. É possível que pacientes busquem atendimento médico para tratar esses sintomas, sem saber que sua origem pode ser psicológica.
“Dificilmente a paciente sozinha vai conseguir fazer a diferenciação entre um episódio ansioso e uma doença, pois sua percepção estará prejudicada”, conta a endocrinologista e pediatra do Exame Imagem e Laboratório/Dasa Fernanda Lopes. “O melhor é ela ser vista por um clínico que exclua doenças orgânicas e, assim, possa encaminhá-la para um psiquiatra ou psicólogo”, continua.
Além desses sintomas, os transtornos mentais podem ter efeitos negativos em outros sistemas do corpo, como o endócrino. “Distúrbios alimentares como a anorexia podem ter impacto importante na produção de hormônios sexuais, por exemplo, levando à ausência de menstruação nas mulheres. O estresse pode aumentar os níveis de cortisol, mas não chega a causar um hipercortisolismo”, conta Fernanda Lopes. “A ansiedade/ e depressão associadas a mudanças de padrão de sono podem interferir no ciclo circadiano e, consequentemente, atrapalhar a pulsatilidade de diversos hormônios”, continua.
Como tratar a saúde mental?
Existem diversas formas de controlar o desenvolvimento de problemas de saúde mental. Antes de mais nada é recomendável obter ajuda profissional, através da análise e do acompanhamento com um psicanalista, psiquiatra ou psicólogo. Esses especialistas serão capazes de intervir no quadro da maneira correta, desenvolvendo habilidades de enfrentamento junto ao paciente e conduzindo-o a um estado mental mais tranquilo e otimista, da melhor forma possível.
Alguns comportamentos pessoais podem fazer toda a diferença para a pessoa que sofre com um transtorno mental, como conectar-se com outras pessoas, tentar ao máximo manter uma atitude positiva, estar fisicamente ativo, buscar apoio e dormir o suficiente.
Um detalhe essencial, que vale ser ressaltado, principalmente se você for familiar ou amigo de uma pessoa que lhe expôs um problema relacionado à esfera psicológica, é evitar a minimização das dificuldades, através de comentários como "Há quem está pior" ou "Você deveria ser grato pela vida" ou “Existem outras coisas maiores para se preocupar", daí por diante. Esse comportamento é absolutamente contraproducente, pois aqueles que sofrem com dificuldades ou problemas psicológicos estão, na maioria das vezes, perfeitamente cientes de tudo isso, o que não significa que devam ser menosprezados ou desconsiderados em relação à luta que enfrentam. Essa é a hora de demonstrar todo o seu apoio, amor e acolhimento.
“Saber procurar ajuda especializada é um passo importante para buscar o equilíbrio mental", finaliza a médica.
*Por Pollyana Cabral – Re9 Comunicação