Uma vida galgada em muito trabalho, honestidade e escolhas feitas baseadas em Deus. Veldelino Barcelos faz de suas batalhas degraus para seu sucesso.
Nascido em Ituiutaba, Minas Gerais no ano de 1950, Valdelino é filho de lavradores bem sucedidos da cidade e cresceu em uma fazenda bonita e próspera. Em sua memória ainda está a imagem da roça verde, a se perder de vista, memórias essas, que são combustível para que ele vivencie um futuro próspero e cheio de realizações.
. Porém, com o avanço da cidade a casa onde cresceu já se encontra quase no centro da cidade.
Viveu uma vida tranquila na roça, de muito trabalho e aprendizado ao lado da família. Valdelino sabia que o seu destino seria o mesmo dos pais se não saísse da cidade. Então, aos 17 anos e ciente de que não queria seguir os passos do pai, tomou uma decisão; se mudaria de sua cidade. “Quando se mora em uma cidade do interior, temos a consciência desde cedo de que existem duas opções, ou você segue o caminho do pai ou vai embora. Automaticamente você vai sendo educado, e o foco é esse. Ou seja, o caminho. Se é médico vira médico, se é lavrador se torna lavrador, se é comerciante, comerciante”, conta.
A viagem
Era novembro e o garoto cheio de sonhos e certo em seu propósito saiu de sua cidade sem um destino certo. Embaixo do braço, um embrulho com uma camisa e uma calça apenas. Certo de sua decisão foi até o trevo da cidade e tomou um ônibus rumo a São Paulo. Quando o ônibus fez sua primeira parada, ele resolveu tomar um café e ao voltar, o ônibus havia partido sem ele. Por sorte, tudo o que possuía estava com ele.
A história de Valdelino é uma daquelas histórias escritas pelo destino. E mal ele sabia que na verdade, já estava tudo escrito por Deus.
Chovia muito e lá ele permaneceu para aguardar o próximo ônibus e por volta de meia-noite, um senhor de idade que estava em uma caminhonete parou. O pneu estava furado e Valdelino se ofereceu para trocar. Começaram a conversar e o senhor foi bem incisivo ao dizer que ele deveria seguir para Brasília e não para São Paulo e que o levaria até parte do caminho. Convencido pelo viajante, ele aceitou a carona, mas foi acomodado na carroceria coberta junto com dois cabritos, já que o senhor estava acompanhado de sua filha na parte da frente.
Da cidade onde ele desembarcou, pegou carona com um caminhoneiro que ainda fez uma parada em Goiânia antes de finalmente desembarcá-lo em Brasília, na vila Dimas. Sem dinheiro, se acomodou em uma parada de ônibus.
A chegada em Brasília
Na primeira noite foi abordado por policiais, e não tinha documentos. Foi preso. Ele conta que na cidade onde vivia, bastava apenas falar o nome dos pais, que todos se conheciam, mas em Brasília as coisas eram diferentes, e ele só tinha a certidão de nascimento. Também não tinha como se comunicar com seus pais, dado as circunstancias da época, cartas demoravam.
Quando finalmente foi solto, começou a cuidar dos carros dos agentes, lavava e vigiava, até que um dos carros de que cuidava era de um conterrâneo e conhecia sua família. Com isso ele conseguiu 30 dias para morar em um albergue.
No dia seguinte saiu para conhecer a cidade e parou no posto da torre, começando a trabalhar lavando os carros em troca de gorjeta. Foi tratado mal, passou inúmeras dificuldades, trabalhou dia e noite e finalmente tirou seus documentos e foi fichado, porém, suas gorjetas teriam que ser divididas com os que lá estavam há mais tempo. Foram dias difíceis.
Como cresceu em fazenda e seu pai tinha caminhonete, ele sabia dirigir e conseguiu um emprego em uma concessionária. Foi quando surgiu uma oportunidade para trabalhar como caminhoneiro em transportes de cargas. Sua primeira viagem foi para Amazônia, exercendo a profissão na transamazônica por quatro anos.
Guardava seu dinheiro consigo, em um tempo onde os bancos ainda não eram seguros e assim, com muito sacrifício voltou para Brasília. Casou-se, teve filhos e se tornou taxista e consequentemente empresário após empenhar sua casa para comprar seu primeiro caminhão.
O tempo passou e Valdelino, desde que chegou à capital, foi lavador de carros, manobrista, frentista, caminhoneiro e empresário de transportes. Sua história é cheia de detalhes marcantes que valem a pena uma prosa e um café. O garoto que saiu de sua casa sem rumo, cresceu centrado nas tradições familiares galgadas nos escritos de Deus, se baseando no caminho certo da boa conduta, moral e ética.
Ao longo de seus árduos anos de trabalho, Valdelino vem construindo uma trajetória incrível, onde foi presidente da Cooperativa dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas e Passageiros em Geral (COOPERCAM) por mais de uma década, presidiu o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens e se enveredou pela política.
Escolheu se filiar ao Partido Republicano Progressista (PRP) em 2010, concorrendo ao parlamento distrital, porém dessa vez não foi eleito, assim como da segunda vez. Mas ele não desistiu, e finalmente em 2018, Valdelino Barcelos se elegeu deputado distrital com 9.704 votos pelo Progressistas (PP), tendo como apoio principal os caminhoneiros.
Autor de vários projetos, sua trajetória de vida é riquíssima, e composta por inúmeras conquistas e vitorias que não acabam nas citadas acima, vale a pena a pesquisa e conhecer esse mineiro simples, de hábitos comuns, casado há 42 anos, que tem três filhos, quatro netos e emprega mais de 5000 pessoas. Um homem de Deus, respeitado e que baseia sua conduta na lealdade e verdade, se firmando no propósito de ajudar e prosperar a vida daqueles que lutam por um futuro melhor.
Por Luiza Frazão.