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Maior consumo de antibióticos durante a pandemia favorece superbactérias
Um levantamento divulgado pela Fiocruz na última sexta-feira alerta para o aumento de bactérias resistentes a antibióticos. O maior consumo desses medicamentos na pandemia pode ser a causa.
As amostras das chamadas "superbactérias" são enviadas ao Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do Instituto Oswaldo Cruz por outros laboratórios de saúde pública de diversos estados de forma espontânea.
É que lá funciona a retaguarda da Sub-rede Analítica de Resistência Microbiana em Serviços de Saúde, instituída pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Saúde.
E como unidade de retaguarda, o laboratório atua na análise aprofundada das bactérias resistentes a antibióticos, que são detectadas em casos de infecção hospitalar.
De acordo com Instituto Oswaldo Cruz, em 2019 chegaram ao laboratório pouco mais de mil amostras de bactérias resistentes a antibióticos. Em 2020, esse número chegou a quase 2 mil, e, de janeiro a outubro deste ano, já atingiu 3,7 mil amostragens!
Ainda de acordo com o Instituto, um estudo global publicado em janeiro apontou um percentual de mais de 70% de pacientes com covid-19 tratados com antibióticos durante a internação, quando se estima que co-infecções bacterianas estejam em apenas 8% dos casos.
Em agosto, a ANVISA, publicou nota técnica com orientações para reduzir a disseminação de bactérias resistentes durante o período pandêmico.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária destacou que os antibióticos não são indicados no tratamento de rotina da covid-19, já que a doença é causada por vírus e esses medicamentos atuam apenas contra bactérias.
Para o Instituto Oswaldo Cruz, enquanto ainda não estiverem disponíveis os números recentes e oficiais da Anvisa, sobre bactérias resistentes, o aumento observado em centros de referência pode ser considerado um alerta.