A vítima registrou boletim de ocorrência na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul). A vítima estava se deslocando para sua festa de aniversário.
Câmeras flagraram o momento da agressão por parte do motorista / Divulgação: Internet
Na tarde de sábado (05), uma mulher registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) relatando ter sido agredida por um motorista de aplicativo, Rua 20 Norte. De acordo com informações da vítima, a violência começou após o motorista reclamar que os balões levados pela passageira estaria atrapalhando a visão dele.
Comemorando mais um ano de vida, a bancária Geraldina Lúcia de Oliveira Araújo, 29 anos, saía de casa rumo ao shopping Pier 21, no Setor de Clubes Sul, onde comemoraria seu aniversário com amigos. Mas ao entrar dentro do veículo, Geraldina não foi nada bem recebida pelo condutor.
“Como eu estava levando bolo e balão, achei mais fácil ir de Uber. Quando ele chegou, eu entrei com a minha amiga. Aí, ele começou a reclamar, dizendo que não daria certo, que os balões atrapalhariam. Falou para eu colocar no porta-malas, mas eu disse que iria estourar e ele voltou a reclamar”, disse.
Em seguida, ela e a amiga teriam descido do carro e informado ao condutor que chamariam um novo motorista pelo aplicativo. “Depois, ele desceu e gritou: ‘Vai bater a minha porta, sua rapariga? Por que você pede Uber, sua puta, se você não vai pagar a corrida?'”, conta.
“Aí, ele estourou o meu balão de gás hélio. Nesse momento, eu fiquei muito brava, porque eu levei uma 1h30 para ir para Taguatinga comprar e mais 1h30 para voltar, pois peguei aquela chuva toda do início do dia. Sem contar que esses balões são muito caros. Então, eu peguei na camisa dele e falei: ‘Você está doido?’. Nisso, ele começou a me bater”, completa.
Vizinhos da região ouviram os gritos e tentaram parar as agressões e impedir que o motorista deixasse o local. O técnico de manutenção Lair Lima de Brito, 59 anos, testemunhou o momento e acompanhou Geraldina até a delegacia em seguida.
“Eu estava recebendo uma encomenda lá do lado e vi a moça saindo do prédio, com os balões. Pouco tempo depois, vi que ela saiu de um carro, fechou a porta, e o motorista desceu ao encontro dela. Aí eu ouvi a palavra ‘rapariga'”, conta o vizinho.
Lair relata que outros moradores também presenciaram quando o motorista estourou o balão e deu-se início a violência. “Logo começaram as agressões, tapas e chutes, e eu já me envolvi. Retirei a moça de lá e fiquei na frente do carro para ele não sair”, diz. De acordo com o vizinho, o condutor teria ainda rasgado a própria camisa, para alegar que fora agredido por Geraldina.
“Ele deu dois tapas no rosto dela e chutou. Pegou o celular dela, talvez para ela não fazer nenhum contato, mas já estava todo mundo ligando para a polícia”, afirma. “Ela estava se defendendo, isso todo mundo viu, é fato […] Era o dia do aniversário da moça e ela foi humilhada”, completa.
De acordo com a passageira, havia uma policial mulher, que ouviu as testemunhas e convenceu a equipe a levar o caso para a delegacia. “A minha sorte foi que havia uma mulher, porque os outros policiais queriam encerrar a ocorrência ali mesmo, mal me ouviram”, reclama.
A ocorrência foi registrada na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) como “injúria” e “lesão corporal”. No boletim, consta que uma equipe da PMDF fora acionada para atender uma situação de violência contra a mulher, na Rua 20 Norte. Ao chegarem no local, policiais encontraram cerca de 10 pessoas junto a Geraldina e o motorista, identificado até o momento como um homem de 38 anos.
Conta desativada
Após deixar a delegacia, Geraldina diz que ainda tentou entrar em sua conta da Uber, para identificar o motorista e fazer uma reclamação. No entanto, foi surpreendida com a suspensão da conta. “Na parte de recuperação da conta, então, eu enviei uma mensagem, informando que fui agredida pelo motorista e que eles me retiraram da plataforma. Fui excluída sem nem me ouvirem”, protesta.
Ao Metrópoles, a Uber explicou que a usuária não conseguiu ter acesso a conta novamente porque, quando a plataforma recebe denúncia de caso envolvendo violência, tanto o perfil do passageiro como o do motorista ficam suspensos temporariamente até que a empresa possa apurar o fato.
No entanto, a plataforma informou que, em breve, a conta de Geraldina será reativada. Já o perfil do motorista, está definitivamente fora do ar. “Este tipo de comportamento configura violação aos termos de uso da plataforma e a conta do motorista parceiro já foi desativada”, disse, em nota.
A Uber ainda ressaltou que “considera inaceitável e repudia qualquer ato de violência contra mulheres”. “A empresa acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei”, destacou.
Créditos: Metropóles