Com 848 tentativas de "autoextermínio" registradas pela pasta em 2020, 334 notificações eram de pessoas na faixa dos 20 anos
O Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, é lembrado no dia 10 de setembro, e, devido à data, o mês é dedicado à mobilização global pelo combate a esse tipo de ocorrência, no chamado Setembro Amarelo. No Brasil, o compromisso foi efetivado há cerca de seis anos, por meio da Portaria MS nº 1271/2014, que tornou a notificação de tentativa de suicídio obrigatória no sistema de saúde nacional. Assim, hospitais públicos e particulares de todo o país passaram a ter que informar ao Ministério da Saúde os atendimentos motivados pela chamada “tentativa de autoextermínio”.
Segundo a atualização mais recente dos Informes Epidemiológicos da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, de janeiro a junho deste ano, as unidades de saúde locais registram 848 tentativas de suicídio.
A predominância dos casos é na faixa etária entre 20 e 29 anos – elas totalizaram 334 notificações. Ao todo, 590 mulheres e 258 homens residentes na capital ou atendidos em hospitais brasilienses tentaram contra a própria vida no período.
Pior na pandemia
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do DF (Samu-DF) realizou 654 atendimentos de tentativas de autoextermínio e 166 de ideação suicida – quando a pessoa pensa sobre tentar contra a própria vida. Os dados são do Núcleo de Saúde Mental (Nusam) do Samu, setor responsável por atender demandas relacionadas a transtornos psicológicos.
“Sempre houve esses casos, mas vimos que, durante a pandemia [de Covid-19], o isolamento e o distanciamento sociais têm elevado mais a sensação de tristeza em pessoas já propensas a transtornos mentais. Vimos que as ligações com demandas relacionadas a ansiedade, tentativas de suicídio e ideação suicida aumentaram muito. Por isso, o Nusam é tão importante em momentos assim”, afirmou o diretor do Samu-DF, Alexandre Garcia.
Atuando tanto de forma presencial, atendendo em ambulância, como a distância, por telefone, no núcleo se situa na Central de Regulação Médica 192.
Em alerta
O médico psiquiatra do Hospital Santa Lúcia Norte, Fábio Aurélio Leite, aponta o contexto pandêmico vivido nos últimos meses como um fator que demanda maior atenção.
“Qualquer situação crítica que aconteça na vida de indivíduos que sejam pré-dispostos a um quadro psicótico, coloca esses pacientes em risco. Divórcio, reprovação, demissão podem fazer eclodir [uma crise]. A pandemia é uma situação na qual as pessoas ficam com medo de morrer, perderem emprego… É uma situação que pode levar o indivíduo ao estado de limite emocional”, aponta.
“A depressão é a principal causa da tentativa de autoextermínio. A primeira coisa é ficar de olho em pacientes que tenham histórico depressivo, que façam tratamento ou o tenham interrompido, pacientes que estejam com sintomas e não tenham a percepção que estão com o humor alterado. Ter um olhar cuidadoso”, aconselha o especialista.
Busque ajuda
Publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou que causam mobilização social, precisa ser abordado e debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.
Depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype 24 horas todos os dias.
Arte/Metrópoles
Disque 188
A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem 24 horas por dia a quem precisa.
Fonte: Metrópoles.