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Após o caso do ex-aluno do Sigma João Vitor Domat Remus o alerta para os cuidados com o manuseio de aparelhos eletrônicos foi ligado
Números mostram que casos como o do ex-aluno do colégio Sigma não são isolados e ligou o alerta para os riscos provocados pelo manuseio incorreto de aparelhos alimentados por energia elétrica.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) fez um levantamento que aponta que, entre janeiro e julho deste ano, 116 brasilienses já acionaram o socorro após sofrerem descargas elétricas dentro de casa – média de quase uma ocorrência a cada 48 horas.
Certamente, o número é maior que o registrado no mesmo período de 2019, quando o DF teve 105 vítimas de choques elétricos. A corporação não soube informar quantos casos evoluíram para óbito, uma vez que parte das mortes ocorre enquanto 0 paciente está internado em hospitais.
Porém, conforme dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) mostram que 697 brasileiros morreram devido a choques elétricos no Brasil.
Entre os episódios mais comuns registrados pelo socorro, está o que resultou na morte do adolescente. João Vitor encostou em uma parte de metal do carregador do celular no momento em que tentava remover o aparelho da tomada.
O adolescente chegou a ficar 10 dias internado após a descarga elétrica, mas não resistiu e morreu na quinta-feira (6/8). O caso ocorreu em Palmas, no Tocantins.
Vinícius Dutra Arrais, técnico de segurança do trabalho da Companhia Energética de Brasília (CEB), afirmou que o episódio pode ter relação com a má qualidade do carregador utilizado pelo jovem.
Segurança no uso
O técnico reforça que os brasilienses comprem apenas equipamentos com certificados e selos de aprovação que garantam que o aparato foi testado e não oferece risco aos usuários. “Muitas vezes as pessoas optam por um equipamento pelo preço e ignoram que o importante é a segurança de quem o usa. Qualidade e segurança precisam vir primeiro”, diz.
O uso de extensões, que também devem apresentar certificação de que foi testada, é outro risco apontado pelo servidor no episódio.
“É preciso tomar cuidado com T’s e extensões para que não haja sobrecarga naquela tomada ou na ligação. Isso pode ocasionar um superaquecimento ou até um curto-circuito.”
Porém, é possível que o adolescente tenha tentado manusear a extensão com o carregador após os pinos do equipamento se soltarem. “Nesse caso específico, desse acidente, a parte de plástico soltou e ficou exposta a parte condutora. Ele deveria, primeiramente, ter feito o desligamento da extensão. Isso já seria suficiente para evitar o choque”, finalizou.
Arrais ressalta: “Jamais, em hipótese alguma, toque em uma vítima de choque, seja com a mão ou com outro objeto. Mesmo um cabo de vassoura pode possuir algum condutor que te leve a ser a segunda vítima da descarga”.
“Mal invisível”
“A energia elétrica é um mal invisível, que nem sempre anuncia sua presença”. A fala é de quem está acostumado a socorrer vítimas de choques elétricos no Distrito Federal. Em entrevista ao Metrópoles, o subtenente do Corpo de Bombeiros Joberth Medeiros ensina como proceder em situações de descargas elétricas.
De acordo com o militar, o primeiro passo ao se deparar com a situação é realizar, imediatamente, o desligamento do fornecimento de energia da tomada causadora. A interrupção no fornecimento é suficiente para que a vítima “desgrude” da fonte do choque.
“Isso faz com que a pessoa tenha certeza de que houve o desligamento para se aproximar. Só então o cidadão deve iniciar o primeiro atendimento”, explica.
Com a energia desligada, é preciso acionar o socorro. “Recomendado é manter a vítima deitada, em repouso, aguardando socorro. Caso verificada a ausência de sinais vitais, deve-se realizar as manobras de ressuscitação apenas quando a pessoa é capacitada para reanimação.”
Quais as sequelas de levar um choque?
O bombeiro reforça o perigo de receber uma descarga elétrica. A depender da voltagem da tomada em que o aparelho está ligado, os sintomas podem ir de um leve formigamento até uma parada cardíaca.
“A energia elétrica tem vários segmentos: da queimadura até a manifestação de proteínas que podem irradiar problemas de falência no fígado”, conta.
A manifestação da corrente elétrica pelo organismo também promove queimaduras internas e externas. “A energia transita pelo seu corpo. Isso quer dizer que tem uma entrada e uma saída e, de acordo com a tensão, pode causar queimaduras de até terceiro grau e lesões de órgãos internos.”
Acompanhado do choque está o risco de um segundo trauma. “A depender da posição da pessoa e do cenário em que ocorre a descarga, a vítima pode sofrer um segundo trauma, causado pela queda provocada pelo estado de inconsciência”, explica o bombeiro.
Fonte: Metrópoles.