Foto: Mohamed Azakir/Reuters
Tristeza é relatada por imigrantes e netos de libaneses com a explosão que deixou ao menos 50 mortes em Beirute e se preocupam com a família que está no Líbano
Nesta quarta-feira (4/8), as duas fortes explosões ocorridas em Beirute, Líbano, que deixaram menos 50 mortos e 2750 feridos, espantaram moradores do país e o mundo todo. No Distrito Federal, a comunidade libanesa lamenta o ocorrido e se preocupa, especialmente, com familiares que estão no país.
Libanesa e morando no Brasil há 19 anos, desde quando teve seu filho Antoine, Marie Claude Yammine, 49 anos, levou um susto quando soube das explosões pelo seu irmão mais novo, que mora no Líbano. Seu primeiro pensamento foi saber como estava seu irmão mais velho, oficial do Exército Libanês, que trabalha em Beirute e, felizmente, passa bem.
O restante de sua família mora ao norte do Líbano e estão ilesos, mas tristes com a situação. "Minha família está bem, mas quando você pensa que tantas famílias estão correndo atrás de familiares, chorando, é muito triste. Pensamos que era um ataque, mas parece que foi uma coisa do mesmo governo", avalia a moradora do Lago Sul.
As imagens da explosão também impressionaram Marie, que nasceu durante uma guerra e já passou por muitos momentos difíceis no país. "Quando vi a explosão, achei que era uma bomba atômica. Ela começou uma linha vertical e depois ficou como se fosse uma bomba de Hiroshima nesses documentários. É muito forte. No Líbano eu vivi muita coisa, mas isso é demais."
Descendentes de libaneses também sentem a tragédia de longe. Lídia Nasser, 31 anos, está tentando trazer sua prima, que mora em Akkar, no norte do Líbano, há três meses para Brasília. Devido à pandemia, os voos têm sido cancelados e ela teme que, com a tragédia, a tarefa se torne ainda mais difícil. "Antes da pandemia, o Líbano já vinha enfrentando problemas sérios com questões políticas, econômicas, e com a pandemia as coisas pioraram muito. O país está praticamente fechado há meses e já estava em uma situação econômica muito complicada, com muitas rebeliões, muitas manifestações. Agora, piorou", descreve.
Neta de libaneses, Lídia relata que seu pai está muito triste com a situação, pensando na família que ainda está lá e nos pais, que já faleceram. "É uma coisa triste, infelizmente, não tem o que fazer. Enquanto tiver o egoísmo na frente das pessoas, infelizmente, vai acontecer. Tem gente que está sofrendo muito, mas vai passar", deseja a empresária.
Também neto de libaneses, João Gilberto Cauhy, conhecido como Salim, 60 anos, aguarda notícias de familiares que moram no país. Como são distantes, ele espera contato pelos familiares de Uberaba (MG), cidade para onde seu avô seguiu após chegar ao Brasil durante a Primeira Guerra Mundial. Para Salim, a tragédia é suspeita e não descarta ataques de outros países.
"Estou sentido porque é a minha origem, minha terra. Estou torcendo para que os danos sejam menores, não tenham tantas mortes. As pessoas, provavelmente, que não sabem o que ocorreu ainda, devem pensar em bomba, em guerra, atentado, essas coisas assim. A primeira coisa que vem à cabeça, é isso. Não é que foi um acidente. Para mim, é a ganância do mundo no Oriente Médio", opina.
"Apartamento estava todo destruído"
Leliane Rebouças, 44 anos, passou por momento de temor ao saber das explosões. Roberto Salone, 43 - pai de seu filho Fernando, de 13 anos -, é um diplomata brasileiro que está em missão em Beirute, na Embaixada Brasileira no Líbano. Ele, felizmente, está bem e ileso. Seu apartamento, no entanto, a cerca de 3km do local das explosões, ficou completamente destruído.
"Logo que a gente ficou sabendo do que aconteceu, viu as imagens que foram chocantes, nós ficamos muito preocupados. Falei primeiro com a irmã dele e ela me tranquilizou. Depois, ele entrou em contato falando que estava tudo bem, que ele não se feriu, nem ele, nem a esposa atual dele. Mas que eles haviam perdido tudo. O apartamento estava todo destruído. A porta da casa dele voou longe, segundo os vizinhos. Mas graças a Deus, o importante é que ele e a esposa estão vivos e não estão feridos", relata a moradora da Vila Planalto.
De acordo com Leiliane, a Embaixada do Brasil no local também foi impactada pela explosão. Apesar do susto e perdas materiais, a família se sente grata que nada mais grave tenha acontecido com Roberto. "Esse Dia dos Pais, esse ano, vai ser muito especial porque ele (o filho, Fernando) tem muito a agradecer. O pai teve um risco de morte muito grande com essa explosão. Estou muito triste que ele tenha perdido tudo, mas também estou muito feliz que ele está bem, é o mais importa", descreve a jornalista.
Fonte: Correio Braziliense.