Foto: Wilson Dias
Eventual novo imposto deve ser acompanhado de alguma compensação, como desonerações ou extinção de impostos antigos segundo o Presidente
Neste domingo (2), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a eventual criação de um novo imposto deve ser acompanhada de desonerações ou extinção de algum tributo atualmente em vigor. O presidente disse que o governo não pretende aumentar a carga tributária. Segundo ele, "ninguém aguenta pagar mais imposto".
O ministro da Economia, Paulo Guedes, já sugeriu uma cobrança sobre transações eletrônicas, nos moldes da antiga CPMF. A criação de um novo imposto vem sendo discutida pela equipe econômica do governo.
"Não tem aumento de carga tributária. Pode substituir imposto. Mas ninguém aguenta pagar mais imposto", afirmou o presidente.
Bolsonaro disse ainda que tem conversado com Guedes sobre compensações para o eventual novo imposto, como por exemplo a revisão na tabela do Imposto de Renda.
"O que eu falei com o Paulo Guedes. Pode ser o imposto que você quiser. Tem que ver do outro lado o que vai deixar de existir. Se vai diminuir a Tabela do Imposto de Renda, fazer desoneração, acabar com o IPI (imposto sobre Produto Industrializado). Tem que botar os dois lados da balança", completou o presidente.
Banco do Brasil
Bolsonaro também disse que está praticamente confirmado o nome do executivo André Brandão para a presidência do Banco do Brasil. A vaga foi aberta com a saída de Rubem Novaes do cargo, há dez dias. Brandão é presidente do HSBC no país. A informação de que o governo estava prestes a acertar com ele foi antecipada pela jornalista Cristiana Lôbo na GloboNews e no blog dela, no G1, na sexta-feira (31).
"Parece que está fechado. Falei hoje [domingo] com o Paulo Guedes", afirmou Bolsonaro.
Um repórter perguntou se o nome para a vaga será mesmo o de Brandão. "É. Vou falar com o Paulo Guedes amanhã. Você sabe que eu tenho total confiança no Paulo Guedes e ele que sabe como deve funcionar o Banco do Brasil", respondeu o presidente.
Crítica a governadores
Bolsonaro voltou a criticar governadores pelas medidas tomadas contra o coronavírus. Segundo o presidente, o isolamento social e o fechamento do comércio prejudicaram a economia de forma desnecessária. O presidente entende que deveria ter sido adotado um isolamento mais brando, ao contrário do que recomenda autoridades de saúde do mundo inteiro, como a Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Eu sempre falei que era vida e emprego. Vocês desceram o cacete em mim o tempo todo. Chegaram até a me chamar de genocida (...) os (trabalhadores) informais foram simplesmente dizimados", disse o presidente.
Ele afirmou ainda que não é possível o governo estender o pagamento do auxílio emergencial para trabalhadores informais afetados pela pandemia. Segundo Bolsonaro, isso seria "arrebentar" a economia do país. O auxílio começou a ser pago em maio. Inicialmente, teria três parcelas mensais, que foram estendidas para mais duas.
"Alguns [governadores] estão defendendo o auxílio emergencial indefinido. Esses mesmos governadores que quebraram seus estados. Só que por mês dá R$ 50 bilhões. Vou arrebentar com a economia do Brasil", concluiu Bolsonaro.
Às 13h deste domingo, o Brasil registrava 93.659 mortos por Covid-19 desde o início da pandemia.
Passeio de moto e visita a padaria
Bolsonaro saiu de moto da residência oficial do Palácio da Alvorada, andou por ruas da cidade até parar no comércio do Lago Norte, bairro nobre da capital.
Na padaria, o presidente cumprimentou apoiadores e causou aglomeração. Ele usava máscara, mas em alguns momentos colocou a mão no tecido, o que é apontado como incorreto pelos especialistas em saúde.
Desde que a pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil, entre o final de fevereiro e o início de março, se tornaram comuns as saídas do presidente pelas ruas da capital e cidades do entorno. Bolsonaro é contrário às medidas de isolamento social tomadas pelos governos estaduais e distrital para conter avanço do vírus.
Ele já visitou padarias, farmácias, postos de gasolina. Nas ocasiões cumprimentou simpatizantes, causou aglomerações e, muitas vezes, não usava máscara.
Autoridades sanitárias em todo o mundo, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmam que o isolamento social é uma das principais formas de se evitar o contágio. Outra medida que os especialistas recomendam é o uso de máscara.
Há duas semanas, dias antes de anunciar que havia se curado da Covid-19, Bolsonaro andou de moto na área externa do palácio e, sem máscara, conversou com garis que limpavam o local.
Na quinta-feira (30), ele disse que estava tomando antibióticos para combater "um pouco de infecção" no pulmão.
Fonte: G1.