Foto: Michael Melo.
Defesa repudia suspeita e afirma que governador 'não pediu ou orientou' que pessoas fizessem campanha para ele. Acusação consta em indiciamento por omissão de gastos na prestação de contas das eleições de 2018.
Em indiciamento contra o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB), a Polícia Federal citou, que 31 pessoas panfletaram para o então candidato às eleições de 2018, com recurso de supostas candidatas 'laranjas'. Ibaneis é acusado de omissão de gastos durante a campanha.
A informação foi confirmada por um dos advogados do governador que acompanha o caso, Cléber Lopes. A defesa do político repudia o entendimento.
Os advogados afirmam que Ibaneis, "enquanto candidato, não era coordenador financeiro da campanha e nem era o dirigente do partido. Portanto ele não foi o responsável pela destinação de recursos" (veja nota na íntegra ao final da reportagem).
Conforme o indiciamento, as 31 pessoas estariam ligadas à campanha de Kadija de Almeida Guimarães. Ela recebeu R$ 573 mil do MDB, mas teve apenas 403 votos.
O documento da Polícia federal cita ainda que Ibaneis teria sido favorecido por panfleteiros de Dolores Moreira Costa Ferreira. À época da campanha, ela recebeu R$ 502 mil do partido e teve 551 votos.
A defesa de Ibaneis afirma que "não há um único depoimento que diga que o governador pediu ou orientou que as pessoas deveriam panfletar para ele" e que "quem repassou os recursos para as ditas candidatas 'laranjas' foi o Partido".
"Depois que o governador passou a ser um candidato com chances reais de ganhar a eleição, pode ter acontecido o efeito rebanho, ou seja, todos aderiram à sua campanha", disse o advogado.
Investigação
A suspeita de candidaturas laranjas no MDB foram investigadas em operação da Polícia Federal em maio do ano passado. Na ocasião, a polícia recolheu documentos na sede do partido, em Brasília.
Segundo o juiz eleitoral que expediu os mandados, Luis Martius Holanda Bezerra Júnior, as candidatas receberam "significativos aportes financeiros do MDB, com pequena compra de material de campanha, mas vultosa quantia para pagamento de militância de rua". Ainda de acordo com o magistrado, "ao fim das eleições, [as candidatas] tiveram inexpressiva quantidade de votos".
Depoimentos de pessoas que trabalharam para as campanhas apontavam que o partido realizou um esquema para que parte dos recursos repassado para Dolores Moreira Costa Ferreira e Kadija de Almeida Guimarães fossem devolvidos. Testemunhas afirmam que o dinheiro não teria sido registrado na prestação de contas.
O indiciamento foi apresentado em fevereiro deste ano. O caso ainda deve ser analisado pelo Ministério Público e depois julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF).
As prestações de contas da campanha de Ibaneis e das duas candidatas suspeitas de atuarem como laranjas foram aprovadas pelo TRF-DF.
O que diz a defesa do governador Ibaneis
"O agora Governador, enquanto candidato, não era coordenador financeiro da campanha e nem era o dirigente do partido. Portanto ele não foi o responsável pela destinação de recursos para os inúmeros candidatos da coligação. Mais, quem repassou os recursos para as ditas candidatas "laranjas" foi o Partido. Assim, seria impossível ao candidato a governador saber do dia-a-dia da campanha. Por fim, depois que o governador passou a ser um candidato com chances reais de ganhar a eleição, pode ter acontecido o efeito rebanho, ou seja, todos aderiram à sua campanha. O governador está absolutamente tranquilo de que esse caso será esclarecido pelo Ministério Público Eleitoral e pela Justiça Eleitoral."
Fonte: G1.