Foto: Tharakorn Arunothai / EyeEm/Getty
Instituições de ensino demitiram profissionais envolvidos. Após estudantes fazerem acusações nas redes sociais e, nesta quarta (27), três registraram ocorrência policial.
Professores de três escolas particulares da capital são investigados pela Polícia Civil do Distrito Federal após denúncias de assédio sexual. As acusações foram publicadas nas redes sociais e, nesta quarta-feira (27), três ex-alunas registraram ocorrência policial na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam).
As jovens têm entre 18 e 20 anos e são ex-estudantes do colégio Projeção, no Guará. Segundo o grupo, os casos de assédio teriam ocorrido entre 2015 e 2017, quando elas eram menores de idade. Elas também apresentaram registros de conversas com os professores.
À reportagem, o colégio Projeção disse que "desligou os envolvidos, baseado em seu código interno de conduta". A escola disse ainda que é "intransigente na defesa do respeito entre as pessoas, e que está apurando o caso, na forma da lei e no estrito cumprimento do direito à ampla defesa".
As outras duas escolas citadas por estudantes nas redes sociais também demitiram os profissionais acusados (veja mais abaixo).
À reportagem, uma das ex-estudantes detalhou o assédio. "Ele sempre me elogiou e sempre me deu uns abraços. Só que eu inocente, achando que não tinha problema. Ele só queria amizade para se aproximar do povo", disse a jovem de 18 anos.
"Ele começava a chamar para tomar um açaí, começava a chamar sair, para conversar na sala dele. E aí depois ele tentava beijar as meninas, ficava elogiando a foto das meninas e acontecendo várias coisas desse tipo."
A TV Globo também teve acesso a uma conversa entre um professor e uma estudante. Veja transcrição abaixo:
Professor: Oi como você está? Sonhei com você essa noite.
Aluna: Oi, estou bem e você?
Professor: Velho, a gente tinha se pegado no sonho. Acordei pensando, gente, como assim, uma pessoa que quase não falo com ela e sonho ficando com ela.
A aluna não responde à mensagem e, no dia seguinte, o professor mandou um novo texto: "Bom dia minha querida. Vi que nem me respondeu. Fica chateada comigo não".
O advogado que representa as jovens, Wesley Rocha, disse que as jovens demoraram para fazer as denúncias por receio. "Elas tinham muito medo. Muito medo de represália, muito medo até mesmo do íntimo, do pessoal delas."
"Então a partir do momento que elas adquiriram a maioridade, aí começaram a se encorajar, né. E quando uma das vítimas veio a público nas redes sociais, as outras tomaram coragem, estão tomando coragem pra vir até a delegacia."
O que dizem as escolas
Outras denúncias publicadas nas redes sociais nos últimos dias também apontam professores de mais duas escolas como autores de assédio contra estudantes. Veja abaixo o que dizem as instituições:
O colégio CCI, em Samambaia, informou que demitiu três professores e afastou um quarto, enquanto os fatos estiverem sendo apurados. A escola disse também que convidou os envolvidos e familiares a formalizar a denúncia e que registrou as informações, ouviu ambos os lados e encaminhou os relatórios às autoridades competentes para as providências legais.
Colégio Marista Champagnat
"O colégio Marista Champagnat, de Taguatinga, informou que desligou todos os colaboradores envolvidos nas denúncias, mas não disse quantos. A escola disse ainda que denunciou o caso ao Conselho Tutelar e à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, entregando os relatos de abusos cometidos e as evidências que recebeu.O Colégio Marista Champagnat – Taguatinga tomou conhecimento, ontem (25 de maio), de denúncias de ex-estudantes referentes à má conduta de professores da instituição. Por meio de nosso canal de denúncia, do Comitê Marista de Proteção Integral de Crianças e Adolescentes, recebemos relatos e evidências.
A primeira medida que tomamos foi o desligamento imediato de dois professores do Ensino Médio. Em seguida, realizamos a denúncia ao Conselho Tutelar e à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, com a entrega dos relatos de abusos cometidos e, também, as evidências que recebemos.
Reforçamos que continuaremos a agir, severamente e com respostas efetivas, a todas as denúncias recebidas e que encaminharemos aos órgãos competentes, sempre que necessário. Não toleramos nenhuma violação de direitos de nossos estudantes e incentivamos que qualquer denúncia seja realizada ao nosso comitê interno, pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Inclusive, nosso comitê pode ajudar a todos os estudantes que passam por situações de abuso em qualquer outro espaço, mesmo que não seja no ambiente do colégio.
Repudiamos condutas impróprias e que deixam marcas na vida das vítimas. Somos solidários com as ex-alunas e nos colocamos à disposição para poder apoiá-las nesse momento. Reiteramos nosso apoio à mobilização criada pelas ex-estudantes para denúncias e apoio mútuo. “Agradecemos pela coragem e iniciativa de todas as mulheres que estão lutando pela visibilidade de abusos sofridos e por nos ajudarem a tornar nossos espaços Maristas cada vez mais seguros."
Já o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF) disse que considera as práticas inaceitáveis e que repudia toda prática de assédio em ambiente escolas.
A entidade também recomendou que haja muita prudência na apuração dos fatos, pois a experiência tem demonstrado que pode haver assédio, e também as conhecidas fake news, que acabam prejudicando a vida de um profissional.
Fonte: G1.