Expectativa era de o reinício das atividades não essenciais para segunda-feira (11/05). Decisão da Justiça é aguardada pelo GDF
A reabertura de mais atividades não essenciais no DF estava prevista para a próxima segunda-feira (11/05), porém, mais uma vez o governador Ibaneis Rocha (MDB) alterou a data, para o próximo dia 18. Com isso, a ampliação do funcionamento do comércio no Distrito Federal fica a cargo da Justiça, que suspendeu a decisão e marcou para esta quinta-feira (07/05) uma visita à sala de situação do GDF — onde são monitorados os casos de coronavírus — para se inteirar das medidas preventivas que serão tomadas antes de se posicionar definitivamente sobre o assunto.
Assinado e publicado no Diário Oficial do DF nesta manhã, o novo decreto causa indignação na população que depende do comércio para seu sustento. Francisco Gomes é comerciante e se diz revoltado com a situação atual, “É um absurdo essa falta de comprometimento com a palavra do governo. A grande maioria de nós, comerciantes, precisa voltar a trabalhar imediatamente e o governador fica fazendo politicagem com a vida do povo”. O emedebista alegou preocupação com o avanço dos casos de coronavírus no Complexo Penitenciário da Papuda. O número de casos confirmados de coronavírus no sistema penitenciário do Distrito Federal chegou a 330. O balanço foi divulgado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) nessa quarta-feira (06/05). Do total, 92 dos contaminados são policiais penais. Destes, 39 se recuperaram da doença.
“Tivemos um agravamento dentro do sistema penitenciário que nós esperamos, em um prazo de três a quatro dias, seja contido. Nós fizemos o isolamento, ontem foi divulgado por vocês, dos presos. Estão sendo todos testados, toda a massa carcerária, e há ainda distribuição de EPIs (equipamentos de proteção). Nós consideramos que lá é uma situação grave, mas que está contida porque todos estão em isolamento”, afirmou. A justificativa para mais uma semana, segundo o governador, é de que haveria uma condição de saúde ainda melhor em virtude do achatamento da curva de casos e também das condições hospitalares.
“Nós temos aí na segunda-feira o nosso Hospital de Campanha (no Mané Garrincha) funcionando, temos a previsão de abertura de mais alguns leitos de UTIs, como vem acontecendo quase que diariamente. E, assim, o que se pretende na reabertura do comércio é a gente ter uma segurança maior para a população, coisa que nós estamos tratando desde o início com essa responsabilidade. Então, é uma medida protetiva da sociedade, mas que tem como objetivo exatamente de dar tempo para fazer tudo aquilo que nós estávamos programando. Então, esse adiamento se dá por esse motivo”, explicou.
Entre as medidas previstas, estão campanhas educativas. Ibaneis Rocha disse ainda que dará conhecimento à Justiça sobre as atividades comerciais que têm previsão de reabertura, assim como as regras que devem ser seguidas para evitar a disseminação do novo coronavírus.
“Por enquanto, entendo que não houve uma invasão na competência do Executivo, apenas um acompanhamento por parte do Judiciário. Estou respeitando isso com muita atenção. Vou receber a magistrada e o Ministério Público hoje (quinta) para mostrar a ela o nosso plano de reabertura e todas as condições de segurança”, destacou o governador.
Ibaneis refere-se à decisão da juíza titular da 3ª Vara Federal Cível do DF, Kátia Balbino de Carvalho Ferreira, que barrou, na madrugada dessa quarta-feira (06/05), a ampliação do funcionamento do comércio.
A magistrada também definiu que poderá rever o assunto após a visita de uma comissão ao Palácio do Buriti, agendada para as 10h desta quinta-feira (07/05). A juíza federal quer ter acesso aos dados, com datas por bloco de atividades e regras sanitárias para cada ramo, referentes ao planejamento da retomada do comércio.
O DF registrou a 35ª morte por coronavírus. A vítima é um homem de 68 anos, morador do Riacho Fundo I. O paciente tinha comorbidade e morreu nessa quarta-feira (06/05), de acordo com a Secretaria de Saúde. São 2.078 casos da doença até a manhã desta quinta.
De acordo com o governador, entre os pacientes que estão sendo tratados no DF, muitos são de outros estados. “Esse foi um dos motivos do decreto que eu editei cobrando a inclusão na regulação das UTIs da rede privada”, afirmou. Ibaneis disse que em torno de 80 pessoas que foram infectadas no Entorno estão em unidades de saúde do DF.
“Temos que acompanhar também essa situação, em virtude de o Hospital de Campanha de Águas Lindas (GO) não estar funcionando. A situação do Entorno é conhecidamente difícil, do ponto de vista da saúde, porque não tem uma rede hospitalar preparada. Então, tudo isso nos leva a prorrogar por mais um período. Sabemos que prejudica muito a economia, mas nós temos que acompanhar com muito carinho. Temos o apoio do setor produtivo, da Fecomércio, da Fibra, e tenho certeza da compreensão da população do Distrito Federal nesse momento de dificuldade”, acrescentou Ibaneis.
Fonte: Metrópoles.