Atividades on-line produzidas por profissionais que precisaram se reinventar na quarentena fazem a imaginação voar e garantem bastante diversão para toda a família
Abracadabra, alakazam, o tempo de magia começou! A rima não funcionou, mas, com a ajuda de um pouquinho de pó de pirlimpimpim, você pode transformar os dias da gurizada em pura diversão. Com as escolas fechadas e as medidas de isolamento social, as crianças acabam caindo no ócio. Então, que tal aproveitar a rotina em casa para passar tempo de qualidade com os filhos? Esse é o convite que o Correio faz a você, respeitável público.
Além de alimentar a alma com boas risadas, atividades como a mágica despertam o lado lúdico e são importantes ao desenvolvimento. “Assumindo um papel significativo dentro da educação, o personagem circense do mágico permite levar as crianças a um momento de concentração, emoção e conscientização do corpo”, explica a coordenadora pedagógica da Escola Dó Ré Mi, Roseana Olimpio.
E fazer magia todo mundo junto é muito mais gostoso. “Não é surpresa. Quando os pais estão envolvidos na educação dos filhos, as crianças obtêm resultados melhores em sala de aula e conseguem externalizar isso na vida fora da escola.” Roseana diz também que atividades que unem pais e filhos são primordiais e elas devem se adequar à realidade cultural e socioeconômica de cada família.
A arte milenar da mágica é incansavelmente surpreendente. Os truques de ilusionismo, nascidos aproximadamente há 2 mil a.C., fazem brilhar os olhos e matutar as cabeças. Com 20 anos de carreira, o mágico Alexandre Rada ainda se maravilha com os olhares atentos do público. “As crianças ficam envolvidas na atmosfera mágica, e os pais voltam a ser crianças quando veem algo impossível acontecendo na frente deles”, conta.
O mágico coleciona seguidores. Um deles é Sofia Lazary, 12 anos, que impressiona amigos e familiares com seus truques. “Eu aprendi a fazer alguns truques com kits de mágica que eu tenho. Várias vezes, eu e minha família nos juntamos para fazer lanches. Nesses momentos, todos podemos fazer mágica e nos divertir, inclusive os mais velhos”, diz.
Alegra, ensina, desenvolve e aproxima. A mágica é plural e multifacetada. Alexandre iniciou a carreira na tentativa de pôr fim à inibição. “Eu era muito tímido e aprendi mágica para atrair a atenção das pessoas. É perfeito, todos gostam de mágica! É a melhor forma que eu conheço de quebrar o gelo”, acredita.
Dos palcos, para a sala de casa. As ágeis mãos dos mágicos agora são vistas pelas telas, pelo menos, até acabar a política de permanência em casa. Este momento tão delicado da história requer que todos se reinventem. E assim, com criatividade, os artistas estão lidando com a crise. Alexandre montou um curso on-line para ensinar aos papais e às mamães a arte da mágica. O nome: Quarentena Mágica. “Consigo distrair as crianças por bastante tempo. Se os pais soubessem fazer o que eu faço, seriam os heróis da casa”, comenta o mágico.
Quem também está na lista dos reinventores é Bruno Monteiro, mais conhecido como Tio Bruno Mágico. “Eu recebi o convite de um shopping para gravar vídeos para eles divulgarem em suas redes. Estou montando um estúdio para levar isso adiante”, diz.
A adaptação é uma necessidade, apesar de o artista gostar mesmo é do contato com o público. “Sempre trabalhei com eventos infantis. Tenho um momento marcado na vida de várias crianças que assistiram ao meu show em suas festas. Fico muito feliz de poder fazer parte dessa data especial na vida das pessoas”, alegra-se Bruno.
Os artistas que perceberam uma oportunidade na internet têm conquistado o coração dos pequenos e dos jovens. Bernardo Cólen, de 10 anos, é fã do universo mágico, e tudo começou pela telinha. “Eu assistia a alguns canais de mágica e passei a me interessar quando eu tinhas uns 7 anos. Desde então, vivo descobrindo e aprendendo novos truques.”
O menino, que sonha em ser médico, diz que a magia “é um hobby para brincar e divertir” e que gosta de exibir seus truques por onde vai. “Eu faço normalmente em casa, e gosto de apresentar uns números para os meus amigos. Quando tenho oportunidade de levar os materiais que utilizo nas mágicas para alguma festa, eu me apresento”, diz Bernardo.
Para todas as idades
Também na onda da conectividade, André Naves, o Tio André, criou uma programação especial para distrair a molecada em seu canal do YouTube. “Sempre sonhei em fazer vídeos, mas não sobrava muito tempo. Com a quarentena, cerca de 20 festas que eu participaria foram canceladas, tive a ideia de gravar um vídeo para cada um dos aniversariantes desejando parabéns e fazendo um truque. A resposta foi excelente, daí toquei adiante”, diz o mágico.
Agora, mantendo a “cabeça em funcionamento”, como diz André, ele ensina seus truques à criançada e já tem vários adeptos. Um deles é Kamal Ghazal, 5 anos. “Eu gosto de todas as mágicas do Tio André, principalmente as que fazem desaparecer e as de adivinhar.” Decidido, ele diz que, no futuro, quer ser pai, mágico e médico. Hoje, exibe graça e talento. “Adoro fazer mágica e mostrar para as minhas tias”, diz o esperto garoto.
Boa influência
Outro aprendiz de ilusionista é Gabriel Ribeiro Leite Dias dos Santos, 14 anos. “Eu comecei na mágica, principalmente, por causa de Tio André. Ele é pai de um amigo de infância. Sempre, nas suas apresentações, ficava encantado vendo tudo aquilo, e me despertou a vontade de ser como ele.”
Gabriel também conta como a arte da magia foi benéfica para ele. “Ajudou a desenvolver mais minha coordenação motora, minha percepção das coisas e o meu cognitivo, de forma que sempre quero aprimorar um pouco mais.” Entre os passatempos favoritos, o garoto divide a atenção com outras atividades. “Hoje, a mágica concorre com meu videogame, estou sempre vendo vídeos para aprimorar meus conhecimentos. Não descarto futuramente o uso profissional.”
Além das aulas on-line para a criançada, André tem um projeto para adultos. “Há uns 15 anos, um pai gostou tanto do show que fiz para o filho dele que me chamou para fazer uma apresentação na sua empresa. Nascia ali o meu programa de palestras motivacionais. Tenho formação em administração, marketing, além de pós em recursos humanos, tudo isso me deu embasamento para construir um programa sólido para empresas.”
Bem diferente do tradicional, o programa de André cresceu e está na internet, mais precisamente em seu Instagram. “Passamos a fazer lives neste tempo de quarentena. O tema é motivação em época de crise. Usamos a mágica para despertar a curiosidade, ilustrar e deixar a palestra mais atrativa” detalha.
*Com informações, Correio Braziliense.