Foto: PMDF/Divulgação
Alternativas para receber pessoas com coronavírus incluem uso do Centro Médico da PM, do Estádio Mané Garrincha e do Centrad. Quadro clínico da primeira paciente diagnosticada com a Covid-19 em Brasília tem piora. Ela está internada no Hran
Diante da crise instalada pelo novo coronavírus, responsável pela morte de 18 pessoas no Brasil, segundo a última atualização do Ministério da Saúde, o Governo do Distrito Federal (GDF) busca reforçar o atendimento por meio de alternativas. Na última semana, um decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB) definiu que o Centro Médico da Polícia Militar, localizado no Setor Policial Sul, atenda à população em geral, e não apenas aos membros da corporação. A previsão é de que a determinação comece a valer em 6 de abril. “Medidas e contratações estão sendo avaliadas para que tudo ocorra em tempo”, informou a Secretaria de Saúde, em nota oficial, ao Correio. Para tanto, o Centro Médico passa a ser gerenciado pela pasta.
Ainda nessa semana, o consórcio Arena BSB, que administra o Estádio Nacional Mané Garrincha, cedeu o espaço para ser utilizado como centro de triagem ou hospital de campanha. Dessa forma, eventos que aconteceriam no estádio serão remarcados, e a empresa adotou os protocolos de prevenção e controle das autoridades competentes. Outra possibilidade avaliada pelo GDF é o uso do Centro Administrativo do Distrito Federal (Centrad), em Taguatinga, para internações, como já havia sido anunciado pelo ex-secretário de saúde, Osnei Okumoto.
No entanto, ambas as opções estão em estudo, e só serão utilizadas caso seja necessário. A secretaria não informou sobre licitações ou estimativas de gastos para a compra de leitos, insumos, maquinários e instrumentos médicos. Até o momento, o GDF destacou verba de R$ 38,4 milhões para o combate à Covid-19 — R$ 6,4 milhões recebidos do Ministério da Saúde, e R$ 32 milhões liberados pelo Executivo local em crédito suplementar para a compra de equipamentos.
Registros
Desde a chegada do coronavírus no DF, os casos confirmados crescem diariamente. Ontem, até o fechamento desta edição, o número chegou a 112 confirmações, aumento de quatro casos em relação ao dia anterior. A maioria deles, 108 pessoas, estão em isolamento domiciliar, e quatro em internação hospitalar. Os dados são do Centro de Operações de Emergência (COE).
Segundo o COE, ainda não há transmissão comunitária, isto é, quando não é possível identificar a origem da infecção. Oitenta pacientes contraíram a doença por transmissão local, ou seja, a pessoa teve contato com alguém que esteve no exterior. Outros 28 contraíram o vírus em viagem internacional. A maioria dos infectados é homem (62). Do total de casos suspeitos desde o início dos contágios, o governo descartou mais da metade. A última atualização soma 3.293 em análise, dos quais 1.799 não se tratavam da Covid-19.
Ontem, a moradora do Lago Sul de 52 anos, primeiro caso confirmado em Brasília, teve piora no quadro clínico. O boletim médico divulgado às 11h informava que a paciente estava em estado grave. Às 16h, um novo laudo dizia que ela havia passado para a estado gravíssimo. A mulher segue internada, em isolamento e em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A respiração é feita com ajuda de aparelhos.
Estudante
Um jovem de 23 anos, aluno da Universidade de Brasília (UnB), recebeu o diagnóstico de coronavírus, apesar de não ter feito o teste. Ele está em isolamento domiciliar desde quarta-feira, quando procurou um hospital particular de Taguatinga com dificuldades respiratórias. O Centro Acadêmico do curso dele emitiu aviso aos estudantes, pois o universitário teve contato com colegas antes de manifestar os sintomas. A instituição de ensino confirmou a informação, e garantiu que o Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde (COES) da Covid-19 está monitorando todas as situações relacionadas à doença.
Em entrevista ao Correio, o rapaz afirmou que, desde a infância, tem problemas respiratórios. Em fevereiro, ele teve contato com brasileiros vindos da Itália e, depois disso, começou a apresentar alguns sintomas característicos de pacientes com coronavírus, como dores no corpo. A situação se agravou quando o universitário teve dificuldade para respirar. "É uma sensação constante que você está sufocado", descreveu.
O estudante foi orientado por equipes médicas da Secretaria de Saúde a ficar isolado e comunicar o ocorrido às pessoas com quem teve contato. O jovem segue tomando medicações para os sintomas. "Ainda tenho um pouco de tosse, mas não sinto mais a mesma falta de ar. Foi tudo muito confuso, tive medo de estar mascarando a doença”, admite.
*Com informações, Correio Braziliense.