Um jovem, de 19 anos, foi preso na manhã de sábado (29/2), com uma bomba pronta e material para a confecção de outros artefatos. Eletrônicos apreendidos auxiliarão na investigação da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos
Agentes da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) investigam se há outras pessoas envolvidas na tentativa de massacre em um baile funk que ocorreu na noite de sábado (29/2). A festa foi realizada no Corredor Central, localizado na Quadra 4 do Setor Comercial Sul, e esperava cerca de mil pessoas. Um suspeito, de 19 anos, foi preso em flagrante em casa, no Lago Norte, após postar na internet que pretendia fazer o massacre. Na manhã deste domingo (1º/3), ele passou por audiência de custódia e a juíza determinou que ele ficasse detido por tempo indeterminado.
Na operação realizada no sábado (29/2), policiais apreenderam dois celulares e um tablet do suspeito. O material será analisado pela polícia especializada para identificar se há outras pessoas por trás do planejamento da chacina.
"Como a prisão em flagrante do suspeito foi convertida em preventiva, iremos concluir em 10 dias o inquérito policial e encaminhar ao Judiciário. Nesse tempo, todos os eletrônicos serão averiguados. É preciso. O caso é bem preocupante", destaca o delegado Dario Taciano de Freitas Junior, responsável pela investigação.
Além dos eletrônicos, os agentes encontraram dinheiro em espécie, binóculos, máscaras, e quilos de extrato de potássio e nitrato de amônio. O acusado já tinha construído uma bomba, que seria usada na ação. Policiais militares e civis precisaram desarmar o artefato ainda na residência do jovem, para evitar qualquer problema. Um vídeo mostra o explosivo sendo manuseado por um robô.
A investigação
A denúncia sobre o possível atentado foi realizada na sexta-feira (28/2), por meio de um comunicado de uma empresa multinacional, que opera serviços variados na internet. O rapaz publicou uma mensagem ameaçadora em um post de perguntas e respostas, que chamou a atenção de empregados dessa empresa.
Na mensagem, ele detalhou todo o plano de assassinato em massa: "Vou fazer um massacre histórico em um showzinho de rap, funk e trap, cheio de adolescentes vagabundos, descolados e drogados. (...) Com meus conhecimentos em química e acesso a armas ilegais, poderei fazer algo esplêndido. O plano consiste em liberar gás venenoso ou paralisante na multidão e, depois disso, detonar um carro-bomba com explosivos destrutivos, os sobreviventes, vou matar na bala. Adoro ver o choro de vocês. Não é sonho, é real e estou pronto para me vingar. Espero que você seja uma vítima, mesmo sem nos conhecermos".
A princípio, os investigadores pensaram que o autor da mensagem seria o pai do acusado, que tem passagens pela polícia. No entanto, conseguiram chegar até o jovem, que mora com os avós no Lago Norte. Segundo o delegado Dario Junior, o homem não explicou o motivo de planejar o massacre. Ele chegou a relatar que tinha experiência com explosões e que, em uma ação anterior, chegou a perder a falange de um dedo.
Prisão preventiva
Na manhã deste domingo (1º/3), o jovem passou por audiência de custódia. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu a conversão da prisão em flagrante para preventiva , com a possibilidade de o suspeito ser internado em ala psiquiátrica da Papuda, conforme a instauração de insanidade mental. A juíza responsável pela decisão, Verônica Torres Suaiden, indicou que o último pedido fosse avaliado no andamento do processo.
Em decisão, a magistrada destacou que a prisão foi regular e que todos os indícios apontavam tanto o objetivo de se cometer o crime, quanto a autoria. "Os pressupostos da prisão provisória encontram amparo na necessidade de se acautelar a ordem pública, cuja garantia, além de visar impedir a prática de outros delitos, busca também assegurar o meio social e a própria credibilidade dada pela população ao Poder Judiciário", afirmou.
"No caso, a conduta do agente não se restringiu a postagem de um possível ataque público em site de relacionamentos, mas também houve apreensão de artefatos para fabricação de bombas, que eram mantidas no ambiente doméstico", acrescentou Verônica Suaiden.
Sobre o pedido do MPDFT de instauração do exame de insanidade mental, que requer exame psiquiátrico e pode determinar o acusado como imputável, a juíza limitou-se a dizer: "deixo sua análise ao Juízo natural, que terá mais elementos para análise."
Com a conversão da prisão em flagrante em preventiva, o jovem será encaminhado do Departamento de Controle e Custódia de Presos (DCCP), no Complexo da Polícia Civil, no Parque da Cidade, para o Complexo Penitenciário da Papuda. Ele deve continuar detido até ir a julgamento pelo crime, previsto no Estatuto do Desarmamento, com pena de 3 a 6 anos de prisão.
*Com informações, Correio Braziliense.