Foto: Tony Winston/Agência Brasilia
O esforço conjunto das forças de segurança para reduzir a criminalidade no Distrito Federal superou as metas estabelecidas para 2019. Levantamento realizado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostra que, no ano passado, foram registrados 13 homicídios por 100 mil habitantes, índice mais baixo no DF desde 1985, quando o resultado foi 13,9/100 mil.
O uso dessa taxa é uma metodologia internacional para aferir o nível de violência de determinado lugar, relacionando o número da criminalidade com a população. Quando analisado o número absoluto de vítimas de homicídios, em 2019, o DF atingiu o menor número de mortes por esse tipo de crime em 25 anos.
Em 1995, foram 479 vítimas; no ano passado, mesmo com o aumento da população, foram registrados 415 casos. De acordo com o secretário de Segurança Pública, delegado Anderson Torres, a redução é resultado do trabalho de inteligência, cruzamento de dados, integração entre as forças e planejamento tático.
Patamar histórico
“Conseguimos o feito histórico de baixar os índices de vítimas de homicídios para o menor patamar dos últimos 25 anos”, comemora o secretário de Segurança Pública, delegado Anderson Torres. “Iniciamos o ano com a meta de reduzir esse crime em 4% e fechamos 2019 com uma redução em números absolutos de 11,4%. Isso só foi possível devido ao fato de o governador Ibaneis Rocha nos ter dado total autonomia de trabalho.”
Em 2019, o governo do DF reabriu delegacias, nomeou novos policiais militares e civis e agentes penitenciários, regulamentou o serviço voluntário das forças de segurança e aumentou a frota de viaturas operacionais, entre outras ações. “Estamos certos de que, em 2020, vamos continuar nos empenhando para melhorar as condições dos profissionais de segurança pública e, consequentemente, a segurança da população”, destaca o secretário.
Metas e resultado
Uma das medidas estratégicas implementadas pela SSP para conter a criminalidade foi, desde o início do ano passado, a estipulação de metas e a cobrança de resultados até o ano de 2022. Em 2019, o objetivo era fechar o ano com a taxa de 13,4 mortes para cada 100 mil habitantes. Porém, a taxa foi ainda menor: 13/100 mil, valor que já está muito próximo da meta para 2020, que é de 12,9/100 mil.
Vidas preservadas
O número de vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) obteve redução de 11,4% no ano passado em relação a 2018, de 500 para 443 casos. Com isso, 57 vidas foram preservadas no período, em todo o DF. Os CVLIs reúnem homicídio, feminicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte. Houve também queda no crime de latrocínio – quando o motivo do homicídio é o roubo –, de 33 para 24 no comparativo anual.
“Em 2019, realizamos diversas operações contra grupos criminosos”, relata o diretor-geral da Polícia Civil do DF, delegado Robson Cândido. “Iniciamos com uma grande ação para desarticular uma facção criminosa que tenta, sem sucesso, se instalar no DF. A sociedade pode estar segura de que a Polícia Civil estará cada vez mais empenhada no combate ao crime no DF.”
O trabalho do Corpo de Bombeiros e do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) tem sido muito importante na preservação de vidas no DF. De janeiro a dezembro do ano passado, os bombeiros atuaram em 37,5 mil ocorrências de emergência médica e 30,8 mil de acidentes de trânsito. Já o Detran tem se empenhado para reduzir as vítimas de acidentes fatais no DF, sobretudo nas fiscalizações da lei seca.
Desafio para 2020
O combate ao feminicídio é uma das principais pautas da SSP. As características desse crime têm sido estudadas detalhadamente pela Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídio e Feminicídio (CTMHF) da SSP/DF, que analisa caso a caso, na sua integridade, buscando elementos que contribuam com a prevenção ao delito. Ano passado, o número de vítimas desse crime aumentou 17,9% em comparação a 2018, de 28 para 33 casos.
De acordo com Anderson Torres, quando a segurança pública toma conhecimento dos casos, o crime já está consumado; só depois chega a informação do histórico de agressões. “Precisamos conscientizar as pessoas de que a denúncia nos ajudará, e muito, a evitar futuras ocorrências; sem ela, a violência doméstica acaba se tornando feminicídio, que é um crime de difícil prevenção e fácil elucidação”, adverte.
Como parte da estratégia de enfrentamento, a SSP/DF lançou em março do ano passado a campanha #MetaaColher. O projeto busca expor o papel de responsabilidade de cada cidadão como engrenagem importante na cruzada contra o feminicídio. Com o slogan “A melhor arma contra o feminicídio é a colher”, o movimento se pauta em estatísticas. Uma delas constatou à época que cerca de 80% dos feminicídios do DF aconteceram dentro de casa, em contexto de violência no ambiente familiar.
Redução de estupros, roubos e furtos
Ainda em 2019, os estupros no DF caíram 8,1%. Em 2018, foram 725 casos, sendo 440 contra vulnerável (60,7%). Este ano foram 666 casos, 390 contra vulnerável (59,5%). Cabe destacar que cerca de 80% dos casos de estupro de vulnerável acontecem no interior das residências das próprias vítimas.
Quanto aos Crimes Contra o Patrimônio (CCPs), monitorados de forma prioritária pela SSP/DF, também houve queda de 12,1% no comparativo 2018/2019. Essa redução representa 6.252 roubos e furtos a menos no DF. Dos crimes analisados, o roubo a comércio foi o que mais caiu, 23,2%, de 1.778 para 1.365, com 413 ocorrências a menos.
O roubo em residência obteve redução de 17,3%, na comparação do ano passado com 2018: de 597 para 494 ocorrências em todo o DF, 103 casos a menos. No roubo em transporte coletivo, houve 3,1% de redução no mesmo período. O furto em veículo e os roubos de veículo e a pedestre caíram 12,2%, 14,2% e 11,6%, respectivamente.
Para o comandante-geral da Polícia Militar do DF, coronel Julian Pontes, a prevenção aos crimes contra o patrimônio se faz com a presença ostensiva das forças policiais. “Mesmo com a defasagem de efetivo, que estamos, aos poucos repondo, temos utilizado as análises criminais e o planejamento como forma de aperfeiçoar nosso trabalho e reduzir a incidência de crimes”, pontua. Pontes lembra ainda que, em 2020, com o ingresso de 718 novos policiais, a capacidade operacional da corporação será ainda maior.
*Com informações Agência Brasília.