Segundo servidores ouvidos pela reportagem, há suspeita de fraude na suspensão de ao menos duas mil autuações
O Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) apura suposta prática irregular de cancelamento de multas dentro do órgão. O Metrópoles teve acesso a documentos que detalham as denúncias. Segundo servidores ouvidos pela reportagem, o volume de cancelamentos aumentou nos últimos meses. Há suspeita de fraude na suspensão de ao menos duas mil autuações.
Um dos casos foi detalhado em um memorando enviado ao coordenador regional de Policiamento e Fiscalização de Trânsito Oeste (Copol). Segundo o documento, em 10 de novembro deste ano, uma equipe foi acionada para verificar denúncia de que um condutor trafegava supostamente embriagado em via pública nas proximidades da Quadra 516 de Samambaia Sul.
Tão logo chegaram ao local, os agentes do Detran abordaram o veículo e constataram que o motorista, além de não possuir Carteira de Habilitação, apresentava “nítidos sinais de embriaguez” e que o automóvel não estava licenciado.
Foram lavrados três autos de infração correspondentes à Legislação de Trânsito. O veículo acabou sendo removido ao depósito do órgão em Taguatinga.
Em 27 de novembro, os agentes verificaram que os três autos de infração foram cancelados, assim como outros dois emitidos pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). No campo “motivo do cancelamento”, constava, como justificativa, que o carro tinha placa clonada.
A equipe compareceu ao depósito e foi informada pelos plantonistas que o automóvel não possui qualquer adulteração de sua identificação, ou seja, que se trata de um carro original.
Diante da possível irregularidade, os servidores do Detran pediram a apuração dos fatos, a adoção das medidas necessárias ao recadastramento das autuações, assim como a responsabilização dos envolvidos em procedimento administrativo.
Em agosto deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deflagrou a Operação Trânsito Livre. Foram cumpridos mandados de prisão preventiva contra três investigados, um deles servidor do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF).
As diligências indicam, segundo o MPDFT, esquema de corrupção que envolveria, mediante cobrança de propina, a retirada de multas e a devolução de carteiras de habitação (CNHs) apreendidas.
Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão no edifício sede do DER-DF e nas residências dos investigados.
*Com informações Metropoles