Plataforma digital tem mais de um bilhão de usuários ativos. O Brasil é o segundo país com mais internautas cadastrados
Em 2020, o Instagram, aplicativo de imagens que revolucionou a era digital, completará 10 anos. Filtros, likes, stories e directs influenciam a forma de pensar e agir de milhões de pessoas. Em julho de 2018, o aplicativo informou que bateu o recorde de um bilhão de usuários ativos por mês. O Brasil é o segundo país com mais internautas, atrás apenas dos Estados Unidos.
Em 2012, o Facebook comprou a empresa e, desde então, o Instagram vem evoluindo em diversas áreas. O ano de 2019, porém, se tornou um divisor de águas. Foi quando mais houve ações em prol da saúde mental de quem está por trás da tela.
Mais que espaço para egocentrismo, a rede social virou uma ferramenta de trabalho, abrindo espaço para influenciadores digitais e campanhas de publicidade. A consultora e digital estrategista Rebecca Lyrio destaca que o grande diferencial da plataforma foi entender a necessidade de se atualizar constantemente.
“O Instagram se preocupa em oferecer features, funcionalidade do sistema que resolve um problema do cliente, para que as pessoas e marcas interajam e produzam cada vez mais conteúdo criativo e inovador”, pontua.
Apesar de ser uma dos principais aplicativos do mundo com contas cadastradas, a ferramenta é também uma das mais prejudiciais à psique dos usuários, de acordo com o estudo da instituição Royal Society For Public Health.
O psicólogo Damião Silva destaca que as redes sociais derrubaram as fronteiras e trouxeram uma velocidade de acesso inimaginável há 20 anos. Com elas, surgiram novas maneiras de se relacionar.
Por outro lado, se perde muito tempo nelas, e as pessoas acabam se distraindo dos focos principais da vida. O importante é dosar o tempo de dedicação
DAMIÃO SILVA
Uma pesquisa realizada no início de 2019 constatou que cerca de 71% dos usuários do Instagram têm menos de 35 anos. De acordo com o especialista, os jovens estão cada vez mais deprimidos, ansiosos e com autoestima baixa.
“Eles ficam um grande período conectados e comparando suas vidas, o que causa impactos negativos na saúde mental”, aponta.
Influenciadores digitais
Com o advento das mídias sociais e sua influência sobre a opinião das pessoas, muita gente passou a se autodenominar “influenciador digital”, seja porque faz disso uma forma de renda, seja porque ganhou os holofotes em determinada área.
Para a consultora Rebecca Lyrio, não há uma fórmula pronta a ser seguida. No entanto, já não há mais espaço para creators que sigam uma linha tóxica, ou que defendam, no feed, a tal vida perfeita. Autoaceitação e hashtags como #vidareal têm virado palavra de ordem.
Na visão da profissional, há uma tendência do consumidor em buscar a verdade nos discursos das marcas, mostrando experiências e compartilhando opiniões. Para isso acontecer, é necessário uma comunicação fluida e contexto no discurso proposto.
Segundo o psicólogo Damião Silva, os gatilhos utilizados são os mais inadequados possíveis, pois atingem diretamente as vulnerabilidades do indivíduo.
De acordo com o especialista, pessoas fragilizadas buscam, online, milagres para a resolução dos próprios problemas. É nesse momento que doenças como a ansiedade e síndromes modernas, como a FOMO (medo de perder algo, em tradução do inglês), ganham espaço.
“É preciso fugir desses perfis cheio de fanatismo. Seguir bons profissionais e responsáveis com a produção de conteúdo é uma ótima dica”, pontua.
Fim das curtidas
Segundo a plataforma HypeAuditor, o número de curtidas em publicações de perfis brasileiros no Instagram caiu em até 29,63% desde abril deste ano, quando a rede social anunciou que ocultaria o contador de likes das postagens.
Para Damião Silva, entretanto, essa redução não deve significar o fim da plataforma. “O que mudará é a forma de atrair mais os internautas e as possibilidades que ele vir a oferecer”, conclui o especialista.
Saúde mental
Apesar das pessoas estarem sempre conectadas, manter uma relação saudável com o aplicativo é essencial. O psicólogo lista algumas dicas para um consumo equilibrado.
- Faça a faxina geral dos seguidores, mantendo apenas quem agrega algo de valor na sua vida.
- Crie um grupo de melhores amigos no stories. Assim, o indivíduo consegue manter um maior controle.
- Silenciar os stories ou publicações de seguidores.
- Estabeleça horários de uso: no início da manhã ou no final do dia.
- Se decidir compartilhar algo, não se importe com julgamentos.
O especialista reitera que as redes sociais são como “vitrines de lojas”, e só mostram o melhor da vida.”Já tive pacientes que arquivavam fotos e vídeos e publicavam quando estavam mal, expondo uma felicidade que não existia”, relata.
*Com informações Metrópoles