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A Secretaria de Educação do Distrito Federal afirmou em nota que a pasta investiga a situação e que, caso os fatos sejam comprovados, o contrato do professor será cancelado.
No Centro de Ensino Fundamental (CEF) 104 Norte, no Distrito Federal, um professor temporário foi afastado das funções depois que imagens da lousa escolar na qual ele passou atividades para alunos viralizaram nas redes sociais. A tarefa passada para os estudantes do 6º ano era uma redação, porém, o que chamou a atenção foi o tema sugerido pelo professor de português: escrever sobre polidez e transformações afetivo-sexuais na adolescência (pós-infância).
Com o tema da redação escrito no quadro, o professor ancorou alguns termos sexuais formais e informais no quadro. Entre eles, estavam “boquete”, “69”, “punheta” e “fio terra”. O quadro foi fotografado pelos alunos e revoltou pais e toda a cidade.
A polêmica foi parar na instituição de ensino e virou caso de polícia. A PCDF confirmou que, foi registrada ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) pelo diretor e pais de alunos. Responsáveis por estudantes disseram na manhã de terça-feira (19/11/2019), que o profissional, que foi contratado temporariamente pela Secretaria de Educação, e deu um “show de horrores” em sala de aula após abordar o tema sobre sexo anal e oral .
O fato ocorreu na última quarta-feira (13/11/2019), e o professor Wendel Santana, 25 anos, foi desligado da unidade educacional. O crime inicialmente está sendo investigado e foi inserido no artigo 232 do ECA, que consiste em submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento. Com pena prevista de detenção de seis meses a dois anos, a tipificação criminal pode mudar no decorrer das apurações. As autoridades alertam que os pais devem registrar ocorrência. Em casos sensíveis como esse, a 2ª DP trabalha em conjunto com a DPCA e possui policiais treinados para colher depoimentos dos estudantes.
Áudios também foram gravados durante a aula. A servidora Priscilla Fava de Sousa, 38, é mãe de uma menina que estuda na mesma sala. Ela disse que a filha tem 11 anos e havia relatado anteriormente o comportamento estranho do docente.
“Sabemos que ele estava há cerca de um mês no colégio, desde que outra professora se aposentou. Segundo as crianças, um dia ele chegou a levar um texto em latim para a sala e também citou que invocaria o demônio e colocaria os nomes na boca do sapo para costurar. Ele tinha um histórico. O que ocorreu na quarta-feira foi um show de horrores”, assegurou.
De acordo com a servidora, a filha dela falou que não anotou nada do que estava escrito no quadro e, quando foi à coordenação, a vice direção não atendeu ela e as amigas. “O conteúdo era completamente inapropriado e o professor recolheu essas redações. Eu fui até a 2ª DP registrar ocorrência porque acredito que deve haver uma apuração rigorosa. A direção nos garantiu que neste concurso, ele foi devolvido e não entra mais em sala. Mas, e nos próximos? Não podemos deixar que aconteça”, ressaltou.
Pais de outro aluno do 6º ano, a administradora Liliane Soares, 40, e o analista de redes Edilson de Souza, 43, também se mostraram chocados. Segundo eles, a turma do filho ainda não havia tido aula de redação com Wendel, mas poderia ser a próxima a receber o conteúdo. “Palavras muito baixas. As crianças nem tinham conhecimento do que se tratava. O que tinha a ver com português? Temos que deixar claro que isso pode ser classificado como pedofilia. Não podemos ficar calados. É necessário apurar e penalizar”, defendeu Edilson.
A corretora Wanessa Machado, 42, nessa segunda-feira (18/11/2019), em que os pais se reuniram com a direção do CEF 104 para pedir esclarecimentos, disse que a direção acolheu os alunos. Agora, os responsáveis desejam que os filhos recebam apoio psicológico. “São 19 crianças na sala. É preciso que todos sejam atendidos. A direção disse que a orientadora vai fazer um trabalho com eles e também vamos pedir para a regional de ensino o apoio de um psicólogo”, afirmou Wanessa.
“Achamos necessário que a secretaria filtre melhor e tenha mais zelo na contratação dos profissionais. Sobre este caso, esperamos o prosseguimento do boletim de ocorrência e também pretendemos processar o professor.”
MPDFT
Um procedimento será instaurado pela Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para investigar as denúncias apresentadas contra o professor temporário afastado do CEF 104 Norte.
Gilza Camilo, diretora da associação do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-Df) também se posicionou sobre o ocorrido e, afirmou que a entidade apura as acusações. “Viemos aqui hoje [segunda-feira (18/11/2019)] para resolver outro problema e tomamos conhecimento do caso. Não sabemos se as acusações procedem, mas o professor foi afastado e iremos apurar as denúncias”, explicou.
“A situação é grave. A Secretaria de Educação afastou o professor e vamos aguardar as apurações dos órgãos competentes”, disse o também diretor da entidade, Samuel Fernandes.
Nas imagens, é possível ver a data da ocorrência e o tema proposto pelo educador no quadro branco. “Brasília, 13 de novembro de 2019. Objetivo: fazer o próprio currículo. Redação improvisada. Escrever sobre polidez e transformações afetivo-sexuais na adolescência (pós-infância). Sexo oral e penetração” escreveu.
No conteúdo dos áudios, é possível ouvi-lo dizendo aos alunos: “Repitam comigo: ‘clitóris’, ‘clitóris’. Tem que tratar o assunto com educação, porque é normal”, ele diz.
O outro lado
Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE-DF) havia informado nessa segunda-feira (18/11/2019) que o professor temporário foi devolvido preventivamente pela Coordenação Regional de Plano Piloto e Cruzeiro, enquanto [a pasta] está investigando a situação no CEF 104 Norte.
Nesta terça-feira (19/11/2019), a pasta atualizou as informações e disse que irá rescindir o contrato do professor. “As autoridades policiais foram comunicadas pela direção da escola. Os estudantes receberão o devido apoio do Serviço de Orientação Educacional”, diz trecho do texto.
O professor Wendel Santana foi procurado para ouvir sua versão sobre o episódio, mas ele não respondeu aos questionamentos da reportagem.
*Com informações Metrópoles