Foto: Jaqueline Lisboa (Metrópoles)
Segundo denuncia, professora sofre com transtornos psicológicos e estaria maltratando alunos. Mãe relata que o filho dela está desestabilizado emocionalmente e não consegue voltar às aulas.
A Secretaria de Educação do Distrito Federal está investigando uma denúncia de maus-tratos, contra alunos com deficiência do Centro de Ensino Especial 1 de Brasília (912 Sul).De acordo com os relatos, uma professora que sofre com transtornos psicológicos, estaria "descontando nos alunos". O caso foi encaminhado para a direção em outubro pela mãe do estudante que enfatiza que não foi apenas uma vez.
Mesmo após as denuncias, que foi feita por duas mães, a professora continuou em sala de aula e sem o devido tratamento, e agora, o aluno não consegue frequentar a escola por medo. A mãe, a analista de sistemas aposentada Roberta Berrondo, 46 anos, relatou que o comportamento do filho, 30, começou a se alterar logo depois das férias, em agosto. Ele tem deficiência múltipla e paralisia cerebral, que afeta funções motoras e cognitivas.
Segundo a pasta, a Corregedoria abriu um processo de avaliação da capacidade da professora para exercer a função. "O processo corre na Subsecretaria de Segurança e Saúde, vinculada a Secretaria de Economia. Se for comprovada, as penalidades disciplinares devidas serão aplicadas de acordo com a gravidade dos fatos, podendo ir de suspensão até a demissão da servidora", afirma a secretaria.
Denuncias
Roberta, mãe de um aluno de 30 anos que tem paralisia cerebral com múltiplos comprometimentos, afirmou que o filho retrocedeu em sua evolução e voltou a ter dificuldades na fala e nos movimentos. O rapaz também passou a se mostrar "mais nervoso e ansioso" desde que a professora assumiu a turma.
“Todos os ganhos na autonomia e no controle emocional que ele tinha adquirido nos últimos quatro anos em que frequenta a escola começaram a se perder. Ele não estava mais fazendo uso de medicações, mas precisou voltar a tomar por conta dos ataques de ansiedade, pânico e nervosismo”, declara.
Observando as mudanças, Roberta se preocupou e delicadamente começou a questionar o filho a respeito de seus dias na escola, para tentar identificar a causa do regresso. “Depois de muita insistência, ele fez sinal de silêncio e disse do jeito dele, que a professora o instruiu a não contar nada. E que ela não o levava para o intervalo”.
A mãe conta, ainda, que a educadora foi alvo de ameaças e agressões por parte de outro aluno, o que teria ocasionado sua desestabilização emocional. “Há relatos do meu filho e de outros alunos de que a professora tem crises e chora em sala de aula. Ela precisa de ajuda, porque a responsabilidade em cuidar de pessoas com deficiência é grande”, enfatiza.
Roberta relata que indignada com a situação psicológica de seu filho e com todo ocorrido, tomou as providências cabíveis e imediatamente denunciou a professora na direção da escola, na ouvidoria do GDF, no Ministério Público e que também ligou para disque denúncia. A professora entrou de licença médica, e desde o início de outubro, o filho dela não quer retornar para a escola.
Outra denuncia de maus tratos e até tortura na escola foi feita pela mãe de outra aluna, que não quis se identificar. Com 19 anos, a filha dela é autista e possui um grau avançado da doença.
Conforme o relato da segunda mãe, ela teria sido procurada por uma funcionária do colégio que a informou que a filha dela sofria agressões. A servidora mandou uma mensagem pelo celular onde escreveu: "Ela deu uns balanços nela e apertou os dedos dela".
Reunião na escola
A vice-diretora, em uma reunião feita com a direção do colégio, comunicou que buscou meios para ajudar a professora. Foi sugerido a ela que deixasse a turma e arcasse com outras atividades dentro da escola.
De acordo com a diretora da unidade, Ana Paula Venturinni, em conversa via WhatsApp com Roberta, ela teria reconhecido e lamentado o caso, mas também atestou limitações administrativas para justificar a demora no remanejamento imediato do aluno. Na ocasião, ainda relatou que as providências estavam sendo aplicadas e que o Conselho Regional de Educação já havia sido acionado para avaliar a saúde da professora envolvida, que devido ao aparente desequilíbrio, manteve seu nome preservado pela reportagem.
Atualmente, devido a todo transtorno, a vítima não frequenta mais as aulas. “A professora disse ao meu filho que a família não o amava. Ele grita de medo dizendo que será visto pela professora. A escola era o cantinho adorado dele. Onde ele era apenas ele e não filho de alguém, irmão de alguém. Para muitos, é o único lugar onde esses garotos conseguem exercer a cidadania”, deplora Roberta.
O que diz a Secretaria
Após tomar o conhecimento da situação, a diretora do CEE 1 de Brasília comunicou que todo o processo para solucionar o problema havia sido feito no mínimo tempo legal. A professora em questão tirou licença médica e uma substituta já se apresentou. Assim, aguarda o retorno do aluno.
Já a Secretaria de Educação, em nota oficial, disse que a denúncia está sendo apurada. “Se for comprovada, a Corregedoria aplicará as penalidades disciplinares devidas de acordo com a gravidade dos fatos, podendo ir de suspensão até a demissão da servidora”, afirma a pasta.
“Além disso, a Corregedoria abriu um processo de avaliação da capacidade da profissional para exercer sua função atual que pode levar ao afastamento da servidora”. O processo corre na Subsecretaria de Segurança e Saúde, vinculada à Secretaria de Economia.