Foto: Alan Moreira
Villa-Lobos, Claudio Santoro, Mehmari e Ney Rosauro fazem parte do repertório no Dia Nacional da Cultura
A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) prepara um concerto especial para comemorar o Dia Nacional da Cultura, celebrado nesta terça-feira (5), no Cine Brasília, com entrada franca. Os portões são abertos às 19h15 para idosos e pessoas com deficiência e às 19h30 para o público em geral.
“Será um concerto com obras de compositores brasileiros, do passado e atuais”, explica o regente da Sinfônica, Cláudio Cohen. Na pauta, os cem anos do nascimento de Claudio Santoro e 60 da morte de Heitor Villa-Lobos. Ney Rosauro, contemporâneo, é compositor radicado em Brasília, com intensa carreira internacional como percussionista, assim como o jovem André Mehmari, um dos expoentes da nova geração nacional.
Sobre a série Bachianas Brasileiras, do carioca Villa-Lobos, Cohen explica: “Da Nº 1, para orquestra de violoncelos, à Nº 9, para coro a capela, o ciclo dessas composições de Villa-Lobos é fascinante pela sua riqueza formal e diversidade de concepção. A Nº 6 é um dueto para flauta e fagote, dois instrumentos nos extremos da palheta sonora”.
Cohen entende que “as Bachianas são, decerto, no mundo inteiro, a mais bela e mais complexa homenagem que se prestou à grandeza do Barroco e a seu maior representante, Johann Sebastian Bach” (1685-1750). Daí o nome da série do compositor brasileiro.
As Bachianas Nº 1 serão executadas pelo naipe de violoncelos da OSTNCS, que tem como primeiro violoncelista Rodolpho Borges. “Estou muito feliz; é sempre um prazer enorme executar uma obra dessa complexidade musical, carregada de nuances e grande beleza”, diz o músico, natural de João Pessoa (PB). Ele pontua ainda que o violoncelo era o instrumento preferido de Villa-Lobos.
Sobre as Bachianas Brasileiras Nº 6, para flauta e fagote, o fagotista da Sinfônica Flávio Lopes diz que a peça faz parte do estudo do instrumento pelas dificuldades técnicas que impõe, tratando-se de uma obra de virtuosismo que lembra todas as características da música brasileira, tanto no que diz respeito ao fagote quanto à flauta.
Frevo para dois pianos, de Claudio Santoro (1919-1989), foi escrito para a pianista Neuza França, autora do Hino Oficial de Brasília, e falecida em 2016. “Estreou no auditório da Escola de Música de Brasília, durante o Festival de Verão, acompanhada por coreografia de Gisèle Santoro”, rememora Cohen. A coreografia em versão orquestral gravada foi apresentada em 7 de dezembro de 1980, no Teatro Dulcina, de acordo com o maestro.
A obra de Ney Rosauro é uma orquestração do Concerto nº 1 para vibrafone e orquestra. “Eu fiquei fascinado pela beleza da obra e sugeri ao compositor que a transcrevesse para orquestra, de onde surgiram os três episódios dedicados a mim”, conta o regente da Sinfônica, que destaca da peça “sua extrema brasilidade e ritmo”.
A obra Variações sinfônicas sobre um tema de Ernesto Nazareth, de André Mehmari, foi encomendada e gravada pela Orquestra Sinfônica de São Paulo. O tema é o tango Fon-fon! (1913), do pianista carioca e compositor de choros e sambas, referência a uma revista popular que circulou na então capital federal e berço dos gêneros, Rio de Janeiro, entre 1907 e 1958.
Cohen destaca que Mehmari faz, na obra, uma grande viagem musical com citações a Villa-Lobos e ao compositor russo Petrovich Mussorgsky, do conhecido “Grupo dos Cinco”, de corte nacionalista, transitando ainda pelo choro e jazz.
* Com informações da Secretaria de Cultura e Agência Brasília