Ser professor é um dom, uma missão, e sem dúvidas, uma das profissões mais nobres. Toda vocação nasce de um chamado, e toda história nasce de um primeiro passo proveniente do amor e do comprometimento em educar. Ser professor é complementar a educação já recebida em casa.
Mas em existe uma profunda diferença entre dar aula e ser professor. Ser professor é uma expressiva forma genuína de amor, e como já dizia o grande mestre Paulo Freire, “eu nunca poderia pensar em educação sem amor. É por isso que me considero um educador: acima de tudo porque sinto amor.”.
Um bom professor se permite ir além das tarefas estabelecidas em contrato, das horas pagas no holerite, além da ideia de um emprego. O verdadeiro professor vai saber o seu nome, suas histórias, origens, e seus sonhos, vai sofrer com suas derrotas e vibrar com as vitórias. Vai perder algumas horas de sono corrigindo provas e vai se envolver mesmo sem poder.
Morador de Águas Claras, Leonardo Castro, 44 anos, é analista de sistemas e professor de informática no ensino superior, onde atualmente leciona disciplinas relacionadas a programação e gestão da tecnologia da informação.
Ele conta que ser professor não estava em seus planos inicialmente, e que tudo começou quando na empresa em que trabalhava começou a dar aulas para os colegas, que previamente combinado, se ajudavam entre si.
“Foi quando um amigo que era professor me fez o convite para que ministrasse aulas em uma faculdade” conta. “Aceitei o desafio e no primeiro semestre peguei apenas uma disciplina para lecionar. Com a troca da coordenação no semestre seguinte, peguei mais três”. Desde então, ele vem trabalhando em diversas áreas do ensino superior, em variados cursos, porém, sempre ministrando disciplinas relacionadas à tecnologia.
Dificuldades
As maiores dificuldades em sua percepção são relacionadas em conseguir atenção e fazer com que o aluno sinta prazer em estar na sala de aula, assistindo e participando delas.
“No meu caso, as disciplinas são voltadas e relacionadas a tecnologias para curso de administração e preciso ainda fazer com que meus alunos percam o medo de conhecer a matéria. Apesar de estarmos em plena era da informação, ainda existem muitas pessoas com dificuldades em relação à tecnologia. Portanto, um dos meus maiores desafios dentro da sala de aula é me empenhar em uma maneira de trabalhar melhor incentivando essas pessoas conciliando diferentes abordagens dentro do tema”.
Leonardo relata que além desses desafios, que englobam várias turmas – o que não é nada fácil – elaborar aulas para diferentes tipos de alunos é trabalhoso, isso sem contar com as dificuldades do dia a dia deles. “Dentro de sala de aula vemos de tudo e em grande maioria temas que não agradam e não prendem atenção. Durante esses sete anos que estou lecionando me deparei com variadas situações. Tenho alunos que começam sua jornada na madrugada, aluno que não faz nada o dia inteiro e ao chegar na faculdade não quer nada com nada, o que trabalha o dia inteiro em serviços pesados e jamais falta, sendo participativo e cumprindo suas tarefas. Em certos momentos precisamos também nos aproximar de certa forma e agir como psicólogos. Com isso, nosso estimulo diário, inclui também entender a realidade deles para consegui extrair o potencial de cada um ao máximo, sem distinções ou julgamentos, e esse é o outro lado o que nos traz um ganho imenso”.
Satisfação
Com relação à sua percepção, o professor relata que em sua profissão existe a necessidade de entrega em período integral, incluindo quando não está presente no estabelecimento de ensino. Pois, mesmo após dar aula e chegar a casa, muitas vezes os mestres ainda vão corrigir trabalhos, provas, pesquisar novos assuntos, inclusive durante o final de semana. A entrega é de 24 horas por dia. “No meu caso, o que ensino é muito técnico, procuro mostrar como as coisas funcionam e como eles podem aplicar em sua forma de trabalhar, no dia-a-dia, onde esse conhecimento pode ser usado. E aí percebi que quando eles aplicam meus ensinamentos, tudo faz sentido, me traz satisfação e me ajuda a crescer” descreve.
O contentamento diretamente relacionado ao retorno recebido dos alunos, que seguem descobrindo seus talentos fazendo pesquisa por conta própria, incentiva o professor a levar novas ideias e novas ações para dentro da sala de aula, se tornando uma motivação para toda essa entrega.
“Meu maior incentivo são os ex-alunos crescendo dentro de suas profissões. Tenho alunos jovens que depois de formados conseguiram um emprego e suas certificações dentro da área escolhida. Sinto-me realizado ao perceber que ajudei no crescimento e no direcionamento para o caminho da conquista deles” conclui Leonardo Castro.
A vida dos professores não é fácil. E é de conhecimento da população, as muitas dificuldades enfrentadas pela categoria que por muitas vezes não é valorizada. Inúmeros professores estão declinando da profissão por conta dessa desvalorização, do descaso das instituições. O psicológico também é afetado, chega uma hora que a abdicação se dá também por questão de saúde em âmbito geral.
O professor acaba por viver muitas vidas além da sua. Presencia o crescimento, obstáculos, as crises, vitórias, brigas entre amigos, problemas de casa, as escolhas. Não se importa com roupa preta suja de giz, nem com pilhas de livros para carregar, muito menos do trabalho sem fim do fechamento dos diários no fim do ano.
Contudo, esses mestres tem medo de errar, mas continuam em frente por existir algo bem maior além desse medo. Algo os torna imune às adversidades. O amor a profissão.
Que hoje seja o dia para lembrarmos da grandiosidade que é vivenciar uma verdadeira vocação, e, acima de tudo, lembrar-se do sorriso iluminado que surge no rosto dos aprendizes quando se dão conta de que aprenderam algo, alimentando em cada professor a eterna arte de ensinar.