Após a cerimônia de canonização que a tornou santa na manhã deste domingo (13) na Praça de São Pedro, no Vaticano, Irmã Dulce passa a ser chamada de Santa Dulce dos Pobres.
Conhecida popularmente como Anjo Bom da Bahia, a santa, graças ao trabalho social prestado aos mais pobres e necessitados, principalmente na Bahia, foi uma das religiosas mais populares do Brasil.
Santa Dulce dos Pobres é a primeira santa brasileira considerada pelo Vaticano. Embora outras brasileiras e uma religiosa que atuou no país tenham sido canonizadas pela Igreja Católica anteriormente, irmã Dulce é a primeira mulher nascida no Brasil que teve milagres reconhecidos.
Segundo informações do Vaticano, 50 mil pessoas participaram da cerimônia, onde outros quatro beatos, de diferentes nacionalidades, também foram canonizados por Papa Francisco às 10h34 (5h34 no horário de Brasília) deste domingo.
"Em honra da Santíssima Trindade, pela exaltação da fé católica e para incremento da vida cristã, com autoridade de nosso senhor Jesus Cristo, os santos apóstolos Pedro e Paulo, depois de haver refletido longamente, ter invocado a ajuda divina e escutado o parecer de muitos irmãos do episcopado, declaramos e definimos santos os beatos: John Henry Newman, Giuseppina Vannini, Mariam Thresia Chiramel, Dulce Lopes Pontes e Marguerite Bauys", declarou o Papa, em latim.
Além de Irmã Dulce, foram canonizados:
- O teólogo e cardeal inglês John Henry Newmann, um dos principais intelectuais cristãos do século 19;
- A religiosa italiana Giuseppina Vannini;
- A religiosa indiana Mariam Thresia Chiramel Mankidiyan;
- A catequista suíça Margherita Bays.
A cerimônia foi acompanhada por autoridades brasileiras como o vice-presidente, Hamilton Mourão; o governador da Bahia, Rui Costa; o prefeito de Salvador, ACM Neto; e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.
O príncipe Charles, do Reino Unido, também participou da missa. Um dos santos que estavam sendo canonizados é britânico.
Antes da missa, a cantora baiana Margareth Menezes, o padre Antonio Maria e o sanfoneiro cearense Waldonys tocaram e cantaram no altar a música oficial da canonização.
Trajetória de Irmã Dulce
- Nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador.
- Quando ela tinha 7 anos, sua mãe faleceu.
- Aos 13 anos, ela acolhia mendigos e doentes na casa onde morava com o pai e os irmãos, no bairro de Nazaré, na capital baiana.
- A vida religiosa começou aos 18 anos, quando, após se formar como professora primária, ela ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.
- Somente aos 19 anos, mais especificamente em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito de freira e adotou o nome de Irmã Dulce em homenagem à mãe, que se chamava Dulce Maria; naquele mesmo mês, ela viveu 6 meses em São Cristovão (SE) e depois voltou para Salvador.
- No ano de 1935, iniciou a assistência à comunidade carente, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que foi formado no bairro de Itapagipe, na capital baiana.
- Em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas, em um local de Salvador conhecido como Ilha dos Ratos. Nos imóveis, ela acolhia enfermos e desabrigados.
- Ainda na década de 30, ajudou operários do bairro de Itapagipe, em Salvador, a formarem a União Operária São Francisco. Logo depois, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, fundou o Círculo Operário da Bahia.
- Junto aos trabalhadores, ela inaugurou um colégio para os filhos dos operários e ainda ajudou a fundar os cinemas Plataforma e São Caetano, além do Cine Teatro Roma; a renda obtida nos cinemas contribuía para a manutenção do Círculo Operário.
- Na década de 60 transformou um galinheiro do Convento de Santo Antônio em albergue. Mais tarde, o lugar deu origem ao Hospital Santo Antônio, no Largo de Roma, em Salvador, e as Obras Sociais que levam o nome dela.
- Em 13 de março de 1992, faleceu em Salvador na Bahia.
- Em 2011, foi nomeada beata.
- Em 13 de outubro de 2019 foi canonizada e se tornou santa com o nome Santa Dulce dos Pobres.