A partir da próxima semana as chuvas na capital serão mais frequentes. Com elas, estão previstos transtornos como inundações e desabamentos. Órgãos locais se preparam para atender às ocorrências
Com isso, a população do Distrito Federal precisa tomar cuidados em áreas de risco e em locais com histórico de enchentes. Mesmo com o aumento das chuvas não ser nenhuma surpresa, o subsecretário da Defesa Civil, da Secretaria de Segurança Pública do DF, coronel Sérgio Bezerra, reconhece que problemas vão ocorrer.
“Acontece alagamento, inundações, desabamentos e escorregamento de encosta. Isso é certo. Quando vai acontecer, não sabemos. Mas vai ocorrer, porque houve uma ocupação desordenada, em locais de declive, sem sistema de drenagem. Casas foram construídas em cima de redes de esgoto. Tudo isso é indicativo de problema. Não tem como fugir dessa realidade.”
O ultimo mapeamento da Secretaria de Segurança Pública, de 2018, revelou que Brasília tem 41 áreas de risco em 19 regiões administrativas. Nelas, 5.367 residências vulneráveis foram mapeadas.
A pasta revela ainda que em ocasiões de “risco iminente de acidente ou desastre” as remoções de moradores ocorrem e a maioria das pessoas, segundo a pasta, vai para a casa de familiares. A Defesa Civil conta com barracas que podem abrigar até 40 famílias. Outras opções são o abrigo público de Taguatinga e o aluguel social para pessoas prejudicadas pelas chuvas oferecidas pela Secretaria de Desenvolvimento Social.
Plano de contingência
O subsecretário coronel Bezerra, informou que o governo está se mobilizado para atender a prováveis ocorrências. Órgãos como as administrações regionais, a Companhia Energética de Brasília (CEB), a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) e a Secretaria de Obras estão inclusos no plano de contingência. A ideia é mobilizar recursos humanos e materiais, de maneira articulada, para minimizar os danos.
Em parceria com a Novacap, a Secretaria de Obras informa que adota medidas preventivas, como a limpeza e manutenção das bocas de lobo. Até o momento, mais de 99 mil operações de limpeza de bocas de lobo foram feitas em 2019, segundo a pasta.
Tesourinhas
Nas tesourinhas no Plano Piloto, em especial na Asa Norte, onde ocorrem alagamentos constantes, o governo informou que, por falta de recursos financeiros para obras de drenagem, está investindo em medidas paliativas, como a abertura de novas bocas de lobo, a limpeza das existentes, a instalação de meios-fios vazados, a melhoria das curvas de nível e o rebaixamento dos gramados.
Sergio Koide, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB) alerta para a importância de obras de grande porte. “Houve algumas melhorias, mas se cair uma chuva forte, o que foi feito não vai ser suficiente. Então, a gente continua tendo problema nos mesmos lugares dos anos anteriores.”
O pesquisador ressalta que as quadras 700 e 900 do Plano Piloto foram muito urbanizadas nos últimos anos e que grandes serviços de drenagem não foram feitos. “As obras ainda são quase da época da construção de Brasília. Foram projetadas com parâmetros da época, hoje insuficientes”, diz.
Em caso de emergência
Ao perceber que as edificações podem ser afetadas, a Defesa Civil orienta que, as pessoas devem sair imediatamente e avisar o Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193, e a Defesa Civil, pelo telefone 199. Também é importante enviar, por mensagem, o CEP do local onde mora para o telefone 40199 para que seja possível receber alertas de chuvas.
Locais mais vulneráveis - Territórios considerados de risco pela Secretaria de Segurança do DF:
Com declive acentuado
Próximos a córregos e demais cursos d’água
Sem sistemas de drenagem de águas pluviais (ou com sistemas precários)
Sem saneamento básico
Com edificações frágeis
Com invasões ou ocupações em áreas de proteção ambiental
Com acúmulo de resíduos sólidos (entulho e restos de obras) em locais inadequados