O incêndio que tomou conta do Parque Ecológico de Águas Claras e que teve início no dia 11/09/2019 com grandes proporções, continua silenciosamente ativo no subterrâneo. Durante essa semana, cerca de 60 pessoas entre bombeiros, brigadistas de incêndio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e funcionários do Instituto Brasília Ambiental (IBRAM), trabalham em conjunto para tentar apagar o fogo que permanece ativo ainda abaixo do solo.
O processo assusta, mas a queimada da compostagem subterrânea é um encadeamento natural do período de queimadas do cerrado, já que durante muito tempo madeira, folhagens em decomposição, rejeitos de animais se transformam em adubo e vão penetrando o solo, onde já se encontram raízes mortas, conforme explicou para a Revista Águas Claras Graziano Barbosa, brigadista de incêndio florestal do ICMBIO.
“É um processo natural, a compostagem acumulada ao longo do tempo gera um material combustível, que em contato com o calor do fogo no solo pode sofrer ignescência facilitando o alastre do fogo sem que ninguém perceba queimando em profundidade“ explica. Graziano aponta ainda, que se não houver limpeza da área no decorrer do ano, o sistema se repete.
A estratégia para apagar o fogo subterrâneo utilizou só na tarde da ultima terça (1/10) até às 14h mais de dez mil litros de água. Era possível observar no local uma grande movimentação de caminhões pipa, incluindo o dos bombeiros. O trabalho é persistente. Inclui ainda cavar valas para se alcançar a metragem onde o fogo esta mais forte, o que é possível detectar com a ajuda de um aparelho do Corpo de Bombeiros, que medindo a temperatura, indica os locais mais quentes onde o fogo está operante no solo.
“Pelos nossos cálculos o fogo está com 3 metros de profundidade e para apaga-lo precisamos cavar valas e injetar água continuamente para impedir que o fogo no solo volte”, informa Graziano Barbosa que ainda compartilha da informação de que durante o incêndio ferrenho do dia 11/09, nenhum animal que vive no parque veio a óbito, “percebemos cobras subindo em árvores, mas todas foram resgatadas e, além disso, a área é ampla, o que possibilita várias rotas de fuga, o que facilita bastante”.
Graziano ainda conta que depois que o fogo se apagar, será feito todo um trabalho em cima da área atingida, “iremos fazer toda a limpeza do local com motosserras e replantar toda região fazendo a recuperação ambiental”.
Em meio a tantos homens encontramos Carmen Mascarenhas, uma das poucas mulheres que estavam auxiliando no combate. Servidora do IBRAN há 9 anos, falou que está difícil de combater o incêndio subterrâneo “ é um trabalho incansável, existem muitas tufas. O tempo seco e quente colabora bastante”.
O trabalho segue até que o fogo ceda ou caiam as primeiras chuvas fortes.