A militar do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) Marizelli Armelinda Dias atingida por uma árvore e por um fio de alta tensão, não resistiu aos ferimentos e morreu na tarde deste domingo (15/9).
Na corporação desde 2018, Marizelli, 31 anos, trabalhava no combate a um incêndio em uma mata na QNL 02, em Taguatinga, de manhã quando uma árvore caiu, arrastando fios de alta tensão.
A árvore e os fios atingiram a bombeira, que sofreu uma parada cardíaca. Reanimada, ela foi levada ao Hospital Regional de Ceilândia, onde acabou falecendo horas depois. Ela deixa dois filhos, Raniele, 4 anos, e Erick, 5.
Segundo informações do Tenente Machado, o acidente foi gravíssimo. Marizelli foi atingida do lado esquerdo por um galho de eucalipto de médio porte. A árvore teria caído em decorrência das chamas.
Ela ainda sofreu traumatismo craniano, fratura na coluna torácica em dois pontos, no fêmur e no braço — ambos esquerdos —, e edema torácico.
Embora a militar tenha sido mesmo atingida pela fiação, não foi confirmado se a parada cardíaca foi causada por descarga elétrica. As primeiras informações eram de que ela havia sido eletrocutada pelo cabo de energia.
Querida e esforçada
O bombeiro da reserva, ex-marido e pai dos filhos da militar, Raimundo Mendes Alves, 50 anos, descreveu Marizelli como uma pessoa "muito alegre e muito querida". "Ela se esforçou muito para entrar nos bombeiros. Mesmo grávida, ela estudou, se esforçou e conseguiu", contou Alves. Muitas foram às homenagens, porém, a mais emocionante veio do 2º tenente do Corpo de Bombeiros Cleônio Dourado de Souza, que escreveu um texto no qual chama a colega de vocação de "anjo-laranja" e "guerreira" e lembra que Zelli, como a militar era chamada pelos amigos, escolheu uma profissão na qual a vida do outro vale mais que a própria.
"Algumas vezes, Deus leva o nosso irmão, a nossa irmã e todo um Corpo de Bombeiros sente, toda uma tropa chora. Descanse em paz guerreira Marizelli, seu nome ecoará no livro dos lendários, dos imortais, dos heróis que escrevem a nossa história", escreve. Leia a seguir:
Um anjo laranja
Nenhum bombeiro sabe quando o brado será o último. Ninguém sabe. A adrenalina sobe e a vibração toma conta do sangue vermelho, a nossa cor. Nenhum bombeiro sabe que aquele deslocamento na viatura pode ser o último. A equipagem às pressas, amplamente treinada, as conversas no trajeto, improvisadas, as risadas, as estratégias da missão. Ninguém sabe quando serão as últimas. O som da sirene rasgando o silêncio das ruas e o ronco das viaturas abrindo caminho em direção ao sinistro são músicas em nosso ouvido. A gente imagina que sempre as ouviremos outra vez. Vidas alheias importam mais que as nossas e seguimos em direção ao que o destino escalou para aquele dia. Vamos, não sabemos se voltamos, mas vamos. E vamos vibrando. Avante guarnição. Voamos ligeiros! Para frente! O que importa a tormenta? Naqueles eternos instantes entre o brado e o regresso nossa vida fica nas mãos de Deus. Vidas alheias e riquezas. Salvar é o nosso lema. É a nossa uníssona voz. E como irmãos que somos, estamos na lida, cuidando uns dos outros e cumprindo a missão. Não temem a morte os bombeiros, quando ecoa do alarme o sinal! Mas, algumas vezes, sem que a gente entenda o porquê, Deus busca um de nossos anjos laranjas de volta e o transforma em herói, heroína, imortal. Algumas vezes aquele brado, infelizmente, é o último. Algumas vezes aquela viatura transporta os nossos amados heróis pela última vez. Algumas vezes a sirene é um canto celestial anunciando que as portas do céu se abriram para que Deus incorpore mais um anjo em sua tropa de heróis anônimos. Algumas vezes, Deus leva o nosso irmão, a nossa irmã e todo um Corpo de Bombeiros sente, toda uma tropa chora. Descanse em paz guerreira Marizelli, seu nome ecoará no livro dos lendários, dos imortais, dos heróis que escrevem a nossa história. Nosso pesar mais sentido e nossa continência mais honrosa a você. Que Deus a receba e conforte o coração da família e amigos neste momento de dor tão grande, sempre confiantes na vida eterna prometida e na bondade e misericórdia de Deus.
Pesar
O governador Ibaneis Rocha se manifestou pelo Twitter: “Que tristeza para o Distrito Federal perder uma de suas combatentes do Corpo de Bombeiros, que dedicava sua vida a salvar outras. Toda minha solidariedade à família da soldado Marzielli, que Deus conforte seus corações. O GDF está de luto”.
O CBMDF se manifestou e emitiu um comunicado lamentando a morte da colega. "É com imenso pesar que o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal informa o falecimento da SD/1. Marizelli Armelinda Dias, na tarde de 15 de setembro, em decorrência de um acidente durante uma ocorrência de incêndio em vegetação na QNL 02, próximo à via Estádio, uma árvore caiu, trazendo consigo a rede de alta tensão, atingindo a militar, às 07h30 (15/09)", informava o texto.
A CEB também emitiu uma nota de pesar. "A equipe técnica foi acionada e atuou imediatamente para dar o apoio que se fizesse necessário ao socorro à vítima. A CEB manifesta sua palavra de pesar e conforto à família de Marizelli Armelinda Dias e seus amigos, e se associa à dor de todos os integrantes do Corpo de Bombeiros Militar do DF."