Em contagem regressiva para as festas no fim de ano, a indústria, o comércio e o turismo já estão de olho nas vendas. Com o aumento da demanda, as empresas recorrem ao trabalhador temporário. Para muitos, é uma oportunidade de driblar o desemprego, a falta de experiência e quem sabe até conseguir uma vaga definitiva depois da experiência sazonal. A movimentação de contratações em curto prazo, principalmente nos sistemas de produções, começou em agosto e seguem a todo vapor.
Levando em consideração o entusiasmo do comércio e da indústria para datas como Dia das Crianças e o Natal, a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) prevê a criação de mais de 570 mil oportunidades temporárias até o fim do ano — no Distrito Federal, a estimativa é de abertura de 2.822 vagas. Em 2018, no mesmo período, foram contabilizados cerca de 500 mil postos nacionalmente. No ano passado, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) calculou a contratação de mais de 72 mil pessoas apenas na área comercial.
A entidade ainda não tem estimativa para este ano. OO esperado é de que outubro e dezembro deste ano sejam os meses com maior índice de chances, devido ao Dia das Crianças e o Natal. Trata-se de contratos temporários baseados na Lei nº 6019/1974, que pode ser utilizada em diversos setores e para qualquer tipo de ocupação. “Em agosto e setembro, as indústrias começam a contratar. Já em outubro e novembro, é a vez do comércio”, explica Mara Fortes, diretora regional da Asserttem no DF.
Conhecidas como sazonais e há, também, as por substituição de cargos, essas contratações podem em último caso ocorrem em todo o ano, principalmente quando um funcionário se afasta da função por determinado período, por exemplo, para tirar licença-maternidade. Mara observa que há, ainda, outro motivo para a abertura de vagas em curto prazo. “Em meio a crise econômica, o número de contratações de temporários aumenta. Isso ocorre porque as empresas ficam receosas e contratam enquanto esperam a reação do mercado.”
Oportunidades
Empresas de ramos diversificados se preparam para recrutar temporárias e já há, até, firmas com inscrições abertas. Na empresa de soluções em recursos humanos Luandre, 350 oportunidades vão ser ofertadas, com salários entre R$ 1 mil e R$ 6 mil. A firma estima um crescimento de 30% nas contratações em curto prazo no fim de 2019, comparando com 2018. “Ao longo do ano, a busca de vagas temporárias é, aproximadamente, de 45% do total das pesquisas no nosso site. No fim, a procura fica maior do que isso porque este período sazonal já é conhecido”, afirma Bárbara Alves, gerente de RH da Luandre.
No mês de agosto, a maioria das ofertas temporárias foi para a indústria, onde o sistema de produção costuma ser iniciado. “Esse formato de contratação também possibilita à empresa avaliar o profissional que mais se adéqua ao cargo oferecido a partir do trabalho exercido durante o período de contrato, evitando, assim, turnovers (alta rotatividade de funcionários)”, explica Bárbara. A gerente também conta que algumas empresas “aguardam o aquecimento das vendas para aumentar a equipe e evitar reflexo negativo no atendimento”.
Renato Dias, CEO da plataforma de empregos e capacitação TAQE, as contratações temporárias são impportantes para instituições mesmo fora das sazonalidades. “É interessante que as empresas aproveitem esse movimento para avaliar novos colaboradores. Caso eles se saiam bem, os diretores podem até renovar as equipes”, explica. As empresas atendidas pela TAQE afirmam que 40% dos empregados acabam sendo efetivados e, neste fim de ano, a plataforma prevê a oferta de 500 oportunidades.
Para ele, as chances também podem beneficiar os desempregados em longo prazo. “Tenho segurança de que a maioria dos candidatos prefere uma vaga definitiva, mas o contrato temporário acaba sendo uma grande oportunidade para se reinserir ou entrar pela primeira vez no mercado de trabalho”, afirma. Renato compartilha algumas dicas para quem quer ser efetivado: “É importante que o candidato mostre alto nível de compromisso e engajamento com a empresa, além de manter boa relação com os colegas”.