Um bando formado por um servidor do DER, a mulher dele e um funcionário comissionado da Secretaria de Segurança Pública, atuava na extorsão de motoristas que tinham a CNH apreendida. Ao identificar no sistema o recolhimento dos documentos, eles entravam em contato com o infrator e ofereciam a possibilidade de não inserir a multa no sistema, destruir a infração e, por fim, devolver a CNH. Em troca, o motorista pagaria propina de cerca de R$ 1,5 mil, valor aproximado à metade do que custaria a multa.
Os investigadores monitoraram diversos encontros entre os suspeitos e os motoristas infratores para a entrega da CNH e para o pagamento da propina após descobrir o modo de atuação dos acusados. Foi quando uma pessoa abordada pelo grupo os denunciou à Polícia Civil e o planejamento do MPDFT precisou ser acelerado e a operação foi adiantada. Dois dos suspeitos foram presos em flagrante na terça-feira, mas liberados, após audiência de custódia, um dia depois. Momentos depois da soltura dos dois, no entanto, o MP, com apoio da Polícia Rodoviária Federal, os prendeu preventivamente. Os automóveis usados por eles nos encontros com motoristas também foram apreendidos.
Corrupção
Uma motorista suspeita de pagar propina para que uma multa fosse retirada e a CNH retida fosse devolvida também é alvo da Operação Trânsito Livre além dos três integrantes do grupo. Os investigadores cumpriram mandados de busca e apreensão na residência dela. Na casa, encontraram uma via do auto de infração e outra do extrato do teste de alcoolemia, com a informação de que a motorista se recusou a soprar o bafômetro.
Segundo as apurações do MP, a condutora combinou com o grupo criminoso que destruiria os documentos. Não havia registro da infração no sistema do DER em razão do pagamento de propina, segundo os investigadores. O MP afirma que há indícios de corrupção ativa.
Outro lado
O DER/DF informou por nota que instaurou processo administrativo para apuração das denúncias apresentadas contra o servidor do departamento. O órgão explicou que “após a soltura, (ele) continuará trabalhando normalmente, em outro setor do departamento, até que a investigação das denúncias seja finalizada”.
O funcionário que exercia a função de assessor técnico da chefia de gabinete da Secretaria de Segurança Pública foi exonerado, ainda na semana passada, quando o secretário Anderson Torres soube das evidências de envolvimento dele nos crimes sob investigação pelo Ministério Público. Até o fechamento da edição, o Correio não localizou a defesa dos investigados.