Dois casais que vivem na pele as dificuldades de sobreviver em um dos estados mais desiguais de nosso país, na cidade em que a renda per capita é de R$ 3,3 mil, vem passando sérios apuros. Essas pessoas em situação de rua dividem espaços comuns com a classe média alta do DF e suportam todos os dias os ratos e o frio.
Com 56 anos, a colombiana Sonange Pontes Sales, mora há um ano em uma barraca próxima ao Shopping de Águas Claras com o marido, que preferiu não se identificar. Ela conta que veio para o Brasil com 30 anos de idade, morou na Bahia e passou por várias cidades antes de chegar a Brasília.
Ao ser questionada se recebia ajuda da comunidade de Águas Claras, Sonange conta que a maioria do povo nem sabe que ela existe. Morando em uma barraca feita de madeira que tem no máximo quatro metros quadrados, a moradia contrasta com o cenário de prédios altos que são vizinhos a ela.
Diariamente, Sonange se espreme para sair por um buraco, que não pode ser considerada uma porta de entrada ou de saída. A situação precária a entristece, o barulho da obra do shopping vizinho não é o que mais a incomoda, “Viver com os ratos e o frio é mais preocupante”.
Um pouco mais à frente da barraca de Sonange, existe uma banca de revistas abandonada. Lá está outro casal, Marcos Aurélio de 35 anos e “Cris”, cujo companheiro, garante que já é maior de idade. Eles moram lá há três meses. Diferente de Sonange, Marcos e Cris dormem apenas com um papelão, um cobertor e armazenam seus pertences em um carrinho de supermercado, uma espécie de armário improvisado.
”Existe a necessidade de ajudarmos, estamos em situação mais privilegiada. Realmente eu não havia notado a presença deles, pois nunca incomodaram. Mas sempre temos aquele cobertor ou casaco que sobra em nossa casa”, disse Maria de Fátima que mora no prédio ao lado.
Fica o apelo a população assim como a necessidade da administração da RA em combater aos ratos, um problema que vem crescendo cada vez mais em nossa cidade.