A Polícia Civil tenta descobrir se há envolvimento de servidores do Departamento de Trânsito (Detran) e de terceirizados na falsificação de placas após desmontar um esquema de clonagem de veículos e uso de lacres falsos, a origem de todo o material também está sendo apurada pelos investigadores. O delegado André Leite, titular da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), explicou sobre. “Os criminosos pesquisavam um carro idêntico, faziam uma placa falsa e rodavam indiscriminadamente pelo Distrito Federal até serem barrados em uma operação ou blitz”.
De acordo com a investigação, os criminosos copiavam placas regularizadas e as colocavam em automóveis roubados. Os envolvidos também agiam em um comércio paralelo, vendendo falsas identificações por encomenda, principalmente a partir de pedidos feitos por aplicativos de mensagem, como WhatsApp. Em operação da Corpatri, agentes cumpriram 20 mandados de busca e apreensão. Quatro pessoas foram presas e outras 16 assinaram termo circunstanciado antes de serem liberadas.
A unidade policial começou a investigar o esquema após o registro de diversas ocorrências de veículos clonados: só em 2018, foram 2.046. A ação do grupo era sofisticada. Os criminosos copiavam os dados de uma placa verdadeira e faziam, em uma prensa, a produção da falsa. O esquema era o mesmo para os lacres. Depois, as identificações eram substituídas pelas falsificadas. Os carros clonados eram usados para cometer outros crimes, revendidos para pessoas sem participação no esquema ou trocados por drogas e armas.
Clonagem pela internet
A quadrilha ainda mantinha um sistema de venda dos produtos clonados pela internet, que atendiam suspeitos de outras unidades da Federação, como Bahia e São Paulo. No entanto, identificou-se que os acusados tinham lojas físicas clandestinas no Distrito Federal para captar vítimas. Os acusados cobravam, em média R$ 250, por um kit placa, com a traseira, a dianteira e o lacre.
Para o sucesso da operação, os agentes da Corpatri se infiltraram na quadrilha, adquirindo uma placa idêntica à do carro do delegado responsável pelo caso, Erick Sallum. “Os policiais pediram para os suspeitos produzirem uma placa clonada com os dados do meu veículo, o que foi feito facilmente. Isso demonstra o descontrole da produção destas mercadorias ilegais, que, consequentemente, dificultam o combate a roubos e furtos no Distrito Federal”, ressaltou o investigador.
Apenas quando a multa chegava, o motorista que tinha a placa clonada descobria o golpe quando recebia uma infração de trânsito que não cometeu. A maioria das vítimas procurava a polícia e fazia o registro de ocorrência. “É uma situação que não dá para prever antes da chegada de uma documentação na casa da vítima. Para evitar cair em um emplacamento falso, a dica é consultar o site do Detran,que possui uma lista de empresas credenciadas para fazer esse tipo de serviço”, frisou o delegado André Leite.
O Detran-DF informou por e-mail que "aguardará as investigações sobre o fato, colaborando com o que for necessário."