Morreu neste sábado (6) aos 88 anos um dos criadores da Bossa Nova, João Gilberto. Ele enfrentava problemas de saúde há alguns anos e morreu na casa onde vivia, no Rio de Janeiro, de acordo com o filho, João Marcelo Gilberto, que mora nos Estados Unidos.
João Gilberto deixou o imenso legado, o ritmo que colocou a música brasileira em um novo patamar em relação ao mundo, a Bossa Nova. O gênero, que surgiu no final da década de 50, revolucionou o jeito de se fazer música no país, com uma mistura refinada de samba com jazz pelas vozes de João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. A Bossa Nova, mais do que o resultado sonoro, tornou-se um estilo, um movimento, remetendo ao Rio de Janeiro da metade do século passado e sua Garota de Ipanema, regravada mais de 200 vezes ao redor do mundo.
Emergindo de uma classe média branca na zona sul carioca, onde se concentram os bairros mais nobres da cidade - diferentemente do samba, que surgiu nos guetos e trazidos ao Brasil pelos africanos - a elitizada Bossa Nova chegou com sua fala mansa, em cima de um banquinho, acompanhada de um violão que trazia a melodia com letras que falavam sobre amor e saudade.
O movimento teve vida curta, cerca de uma década e deixou um legado valioso para a música brasileira, do jazz ao rock, influenciando fortemente a contemporânea Música Popular Brasileira. Com as incansáveis regravações de seus clássicos ao redor do mundo, a Bossa Nova rompeu alguns estereótipos do “país do samba”, repaginando ritmos brasileiros. Desafinados ou não.
Conhecido como “o gênio recluso”, no fim de 2017, João foi interditado judicialmente pela filha, Bebel Gilberto, motivando uma disputa familiar entre Bebel e João Marcelo, que são meios-irmãos.
Em nota divulgada pela advogada da filha Bebel, consta que a intervenção foi motivada por problemas de saúde e complicações financeiras do cantor.
Além de Marcelo, João Gilberto deixa outros dois filhos, Bebel e Luisa.