A idosa Marina Izidoro de Morais de 73 anos vendia balões de gás hélio do lado de fora da festa junina de um colégio em Taguatinga, como fazia já há quatro anos com o objetivo de complementar a renda. Chegou por volta das 11h na festa e, após horas de trabalho, à noite e no frio, foi abordada por um casal em uma Mercedes branca, avaliada em R$ 220 mil que queriam os produtos de graça.
Cada um dos balões de Marina sai a R$ 15 e a idosa fica com o lucro, pois revende a mercadoria. "A mulher, que estava no passageiro, perguntou o valor e pediu desconto eu o disse e, como já era o fim do evento, disse que fazia a R$ 10. Mesmo assim, ela desdenhou. Então, expliquei que eu revendo os balões e, por isso, não tinha como descer o preço. Então eles reclamaram. Foi quando o dono dos produtos me ligou e eu atendi. Ao fundo, me mandaram desligar, me xingando", relata a idosa.
Quando Marina terminou a chamada e, mais uma vez, se direcionou ao veículo pela porta do passageiro, eles solicitaram três balões, dois de menino e um de menina. Quando ela se abaixou para pegar os produtos, que estavam amarrados em seu braço, a mulher que estava no banco do passageiro agarrou as cordas, fechou o vidro e o motorista acelerou o carro, arrancando de uma vez e arrastando a m idosa por 100 metros.
Os minutos que a idosa ficou presa ao veículo foram de terror e marcaram a vida dela. "Pensei que fosse morrer que estaria dentro de um caixão. Eu estou toda machucada, mas bem", relatou a idosa visivelmente estremecida. "Quando me lembro do que passei, só agradeço a Deus pelo livramento. Foi a pior coisa que passei na minha vida. Ao fim de tudo, só me vi rodeada de gente. Mas ainda me vejo sendo arrastada pelo asfalto quando eu fecho os olhos. No momento que essa imagem passa na minha cabeça, fico desesperada, porque foi uma cena horrível. Estou completamente traumatizada. Sou apenas uma senhora que estava trabalhando" lamentou.
Testemunhas imediatamente acionaram a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, que prestaram os primeiros atendimentos a Marina que foi atendida pelos Médicos do HRT que ao analisarem os ferimentos sofridos, constataram que milagrosamente todos foram superficiais, não indicando lesões internas. Apenas a tomografia da cabeça da vítima não saiu. O resultado deve ser entregue para a diarista nesta segunda-feira (17).
Após o ocorrido a diarista procurou a 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), onde registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal. Ela também foi encaminhada para o Instituto de Medicina Legal (IML) e passou por exames de corpo de delito. Apesar do registro inicial, a investigação fica a cargo da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). Quem tiver informações pode colaborar ligando anonimamente para o 197.
“Eu não acredito que com todas as pessoas gritando, buzinando e tentando parar o carro que tanto o motorista quando a passageira não viram que estavam arrastando a senhora”! Relata uma testemunha ocular que não quis se identificar.
Quando foi arrastada pelo carro, Marina perdeu a maior parte do dinheiro que recebeu pelas vendas em mais de oito horas de trabalho na festa junina. Além disso, o casal chegou a “levar” alguns dos balões e, os que ficaram nas mãos da idosa, estouraram durante a barbárie. Com os ferimentos, a vítima não poderá trabalhar esta semana, e calcula um prejuízo de R$ 380.
"Eu perdi muito com essa situação. Mas estou viva. O dinheiro que sobrou das vendas do sábado (15) eu vou dar ao dono dos balões, que também ficou chateado com a situação e pelo prejuízo. Mas as diárias que eu ia fazer essa semana, vou perder, pois não consigo trabalhar. É assim que eu pago meu aluguel e contribuo para o INSS, pois não sou aposentada ainda", lamenta Marina.
O único desejo da idosa após todo o sofrimento e a perda material, é que a polícia consiga responsabilizar os responsáveis pelo crime. "Eles não tiveram respeito nenhum por mim, pelo meu trabalho e pela minha vida. Eu só quero que eles sejam pegos e paguem pelo que fizeram comigo", finaliza.
Testemunhas anotaram a placa do carro, (um veículo ano 2015 modelo 2016, avaliado em R$ 220 mil e está em nome de um morador de Taguatinga Sul) e informaram para a Polícia Militar que já esteve no endereço do dono do carro. Agora resta atestar se ele conduzia o veículo na ocasião. Mesmo assim enviou advogados à delegacia que prometeram que o cliente se apresentaria em algumas horas.