As cidades estão repletas de shoppings center, para onde se olha se encontra pelo menos um. Desde os mais simples, aqueles de bairro que reúne várias lojas em um local movimentado, até aos que se assemelham com grandes impérios egípcios. É nesses locais que as pessoas buscam obter entretenimento e serviço, com a promessa de praticidade e segurança.
Contudo, o shopping center - templo de consumo e de lazer reificado - é local privilegiado de realização da racionalidade econômica e revela que o seu objetivo vai muito além da diversão e consumo. Esse espaço privado de acesso público foi determinante na formação da paisagem urbana, da economia e da construção do conceito de modernidade.
Shopping: a idealização que modificou a forma de consumir
Na década de 50, nos Estados Unidos, famílias que se mudavam para condomínios nas áreas suburbanas das cidades acabavam por ficar distante do centro, o lugar das compras por excelência. Então, as pessoas começaram a utilizar mais o carro, pois facilitava o trajeto. Porém, o trânsito ficou caótico e a vida mais acelerada.
Devido à crescente orientação do planejamento urbano para o automóvel, o shopping tornou-se um substituto para a urbanidade perdida. Grandes varejistas passaram a investir na construção de lojas no meio do nada, com pátios enormes de estacionamento ao lado de rodovias e autoestradas.
Mas foi o ideário urbanístico de Victor Gruen, o shopping Southdale Center, inaugurado em 1956, em Minnesota, que deu uma nova roupagem ao comércio local e alterou o hábito da sociedade de realizar as suas compras, além disso, ditou o modelo de shopping que atualmente conhecemos.
Seu experimento pioneiro arquitetado com espaço totalmente climatizado foi primeiro shopping center de planta fechada do mundo. A estrutura era formada por dois pisos, comunicados por escadas rolantes; uma praça central no térreo, com um café inspirado em Paris; projeto paisagístico de interiores; lojas cujas vitrines encaravam um corredor central, imitando ruas; um largo pátio de estacionamento.
Southdale chegou a ter um aviário e era palco de desfiles de moda. As pessoas não apenas entravam, compravam e saíam, elas conviviam no espaço. Diferente das lojas convencionais, o shopping Southdale funcionava em horário estendido: era possível fazer compras depois do trabalho e ainda jantar ali.
O arquiteto Gruen foi responsável pela construção de mais de 60 shoppings nos EUA e deu lugar a “novo” centro nas cidades- ponto de encontros e de relação social. Isso lhe conferiu o título de “pai” do shopping center suburbano. Ao final dos anos 1950, cerca de 1.000 shoppings centers haviam sido construídos nos Estados Unidos.
Na Europa, os primeiros estabelecimentos seguindo esse conceito foram erguidos em países como Reino Unido, Suécia, França e Alemanha, a partir da reconstrução urbana do pós-guerra.
No Brasil o primeiro shopping center brasileiro baseado no modelo americano de Gruen foi o Iguatemi, inaugurado em São Paulo, em 28 de novembro de 1966. O empreendimento projetado por Gian Carlo Gasperini e João Henrique Rocha foi construído em 16 meses, em um terreno que pertencia à família Matarazzo, próximo à marginal do Rio Pinheiros.
Na época, foi considerado o maior centro de compras da América Latina e o seu espaço reorganizou o bairro de Cidade Jardim, a partir do alargamento da via Iguatemi, que depois se transformou na avenida Brigadeiro Faria Lima.
O Iguatemi foi considerado nos últimos anos pela Pesquisa Main Streets Across the World, realizada pela Cushman & Wakefield, o ponto comercial mais valorizado do Brasil e está entre os mais valorizados do mundo todo.
As vantagens que o shopping proporciona
De acordo com o livro World of Malls da editora Hatje Cantz, a instalação de um shopping redistribui o fluxo de pessoas e veículos e instaura novos pontos de encontro e rotinas de lazer entre os jovens e famílias. Em bairros com baixa oferta de diversão e serviço, o shopping se torna a atração principal e impacta de forma radical a região em que se localiza, pois sua estrutura- com cinema, praças de alimentação e áreas de atração artística conquista o público e mexe na dinâmica da sociedade.
Estudos revelam que quando um shopping é construído, a região ao seu redor recebe valorização imobiliária e a situação econômica cresce. Eda Góes, historiadora e professora da Unesp de Presidente Prudente, afirma que “em cidades médias, onde praticamente não há indústria”, o comércio, e sobretudo o shopping center, tornou-se um grande empregador de mão-de-obra jovem e não especializada no país.
A ABRASCE (Associação Brasileira de Shopping Centers) estima que haja mais de 1 milhão de empregos diretos nos shoppings brasileiros (aumento de 1,27%). Isso abre novas possibilidades para moradores de seu entorno.
Mas, se para o público, um shopping possibilita muitas vantagens. Para os donos de comércio também há os seus benefícios.
Shoppings geralmente são localizados nos centros das cidades, ou seja, nos locais em que há uma maior movimentação de consumidores. Para ter uma noção dessa prerrogativa, dados da ABRASCE apontaram que, em 2017, a média mensal de pessoas circulando nos shoppings foi de 463 milhões, o que representa um aumento de 5,6% em relação ao ano de 2016.
Os shoppings contam com lojas âncoras, megalojas, cinemas e outras marcas famosas que atraem mais o interesse do público. As lojas nesse contexto só tende a ganhar com essa movimentação, pois expõe a marca e aparece como uma alternativa a quem vai ao shopping visando às opções mais conhecidas. Além disso, os empreendedores ganham em acessibilidade se comparados aos comércios de rua, pois há maior segurança e conforto disponibilizado pela estrutura.
Conheça o Vista Shopping de Águas Claras
Em Águas Claras, localizada a pouco mais de 20 km do centro de Brasília, é possível encontrar o Vista Shopping. Inaugurado em agosto de 2013, sua estrutura contém 92 lojas e 146 salas na qual pode ser locado ou adquirido, cujo destaque fica por conta do formato do empreendimento que acompanham a tendência de transformar os centros comerciais em núcleos de convivência.
O Vista shopping incluí condomínio empresarial, torre com centro médico e laboratórios. Mas também é possível encontrar bancos, restaurantes, academias, dentre outros serviços. É um complexo multiuso que explora os espaços oferecendo comodidade e conveniência aos frequentadores.
Mário Figueiredo é sindico geral do shopping e afirma: “hoje, somos o shopping mais bem sucedido de Águas Claras, devido aos valores acessíveis e o atendimento prestado”. Para ele, o shopping “torna a vida mais fácil” por encontrar diversos serviços em um único lugar.
A presença de negócios fomenta o mercado de trabalho. Ter um centro empresarial como Vista Shopping tornou Águas Claras uma das regiões administrativas da capital federal com maior rede de produção criativa. De acordo com o Levantamento da Codeplan as empresas criativas fomentam mercado e aumentam a qualidade de vida das pessoas que vivem na cidade.
Seja em Águas Claras, Europa ou Estados Unidos, os shoppings são planos urbanísticos que visam recuperar centros comerciais, são projetos que revitalizam bairros consolidados, modernizando o comércio ao longo do tempo. Na definição do Conselho Internacional dos Centros Comerciais, são empreendimentos que oferecem “vivências exclusivas” que impões sua presença e transforma tudo ao seu redor, muitas vezes de maneira sútil.