Desde 11 de fevereiro de 1981, não houve um dia sequer em que Sueli Silva, 56 anos, não tivesse pensado no seu filho Luís Miguel raptado na porta do Hospital Regional do Gama (HRG). Trinta e oito anos se passaram e a angústia finalmente chegou ao fim.
Segundo o delegado Murilo de Oliveira, da 14ª DP, Sueli procurou a polícia em 2013 para contar que o filho, na época, recém-nascido, tinha sido raptado na porta da maternidade.
O rapaz foi localizado ano passado, na Paraíba, pela Polícia Civil do DF, mas o exame de DNA só comprovou, nesta quarta-feira (24), que realmente se tratava da mesma pessoa, registrada hoje com outro nome.
História
Sueli conta que morava em um orfanato em Corumbá de Goiás (GO), cidade a 125 quilômetros de Brasília, e que aos 13 anos teria sido estuprada pelo filho da administradora da instituição.
A violência sexual ocorreu várias vezes e ela acabou grávida e enviada a Brasília para morar com um casal conhecido da dona do orfanato. Ficou no local até o nascimento da primeira filha Juliana, registrada apenas com o nome da mãe.
Em maio de 1980, Sueli conheceu um policial militar com que manteve um breve relacionamento. Na época, o homem estava de partida para outro país e não teria ficado sabendo que a namorada havia engravidado.
De acordo com Sueli, a dona do orfanato não teria acreditado na história. Achava que a criança seria fruto de uma nova investida do filho dela. Por isso, teria ordenado ao casal que mantivesse Sueli trancada em casa até que o bebê nascesse.
Em 9 de fevereiro de 1981, Sueli deu a luz a Luís Miguel no Hospital Regional do Gama (HRG). Ao receber alta médica, ela foi recebida pelo casal que lhe dava moradia e uma mulher com o rosto coberto por um lenço.
Sueli afirma que foi convencida a deixar o filho com o casal da instituição onde morava e que era para ela fazer uma ligação telefônica, em um orelhão, para a dona do abrigo. Só que ao voltar não encontrou mais a criança.
Na ligação, a dona do abrigo teria dito que não queria o bebê. Sueli afirma ainda que foi obrigada por ela a "permanecer calada e a não tocar mais no assunto".
Segundo a polícia, a principal suspeita é a dona do abrigo. Contudo, a dona morreu em 2012, antes que a mãe registrasse ocorrência.
Na época, a Polícia Civil tinha, pelo menos, 15 linhas de investigação. Uma delas levou os agentes a entrar em contato com o porteiro do médico que fez o parto da jovem, no hospital do Gama.
Os dois ainda não se encontraram, pois o filho mora em João Pessoa (PB). Mas se falaram por celular, em uma comovente chamada de vídeo.