Comédia dramática premiada encerra temporada em Brasília

Com um humor ácido, peça Vianinha Conta o Último Combate do Homem Comum tem suas últimas apresentações neste fim de semana, na Caixa Cultural

O espetáculo teatral Vianinha Conta o Último Combate do Homem Comum encerra sua curta temporada neste fim de semana. Com humor e drama, o premiado texto aborda relações familiares e a situação do idoso no Brasil. Em cartaz nos dias 4, 5 e 6 de maio, sexta e sábado, às 20h; e domingo, às 19h, na Caixa Cultural Brasília (Setor Bancário Sul QD 04). Ingressos: R$ 10 (meia-entrada).  A peça data, originalmente, de 1970 e foi escrita pelo exímio dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho – que ficou mais conhecido como Vianinha – e recebeu do autor versões levemente diferentes sob os títulos Nossa Vida em Família e Em Família. É este último texto que ganhou nova montagem e novo título do diretor cearense Aderbal Freire-Filho: Vianinha Conta o Último Combate do Homem Comum. O texto destaca, como diz o diretor, "a grandeza desse personagem tão caro à dramaturgia da sua geração: o lutador anônimo, o homem comum". No novo título uma franca homenagem às lendárias montagens do Teatro de Arena (como Arena conta Zumbi e Arena conta Tiradentes). Após uma série de premiações e de rodar o Brasil, Vianinha conta o último combate do homem comum chega à capital federal.

O humor ácido de Vianinha se faz presente neste espetáculo, que conta o último combate do homem comum, um pouco de cada um de nós. Depois de uma vida inteira de trabalho, de um casamento de longa data e com cinco filhos criados, o personagem Souza (Rogério Freitas) se vê mediante um conflito: ele não tem mais onde morar. Sem autonomia, é obrigado a se separar de sua companheira de toda a vida por decisão dos filhos. Vianinha apresenta um panorama triste e ainda tão atual sobre o quadro do idoso no Brasil. Apesar de ser um drama, o espetáculo traz um humor que imprime uma dimensão humana aos seus personagens.

"É sempre oportuno fazer um texto do Vianinha. Ele é um dos nossos autores clássicos. O teatro brasileiro é jovem, recente e a gente reconhece esse mesmo valor no teatro do Nelson Rodrigues, uma das nossas referências. Ambos são inventores do teatro brasileiro, que bebe dos teatros universais. O Vianinha é um 'autor inventor' que descobriu formas novas, 'abriu o palco'. O  teatro dele tem características não só dramáticas, mas também épicas. Os personagens trazem reflexão e um pensamento que traduz o homem comum brasileiro", afirma o diretor Aderbal Freire-Filho.

 

Conheça a história

 No cenário, uma estética em preto e branco faz alusão a um passado relativamente recente: o começo dos anos 70. Seja nas roupas, seja nos mobiliários ou nos figurinos daquela época, este visual predomina. É dentro do contexto daquela década que nasce a história de Souza (Rogério Freitas) e Lu (Vera Novello). Um casal de idosos que reúne a família em um almoço de domingo em sua casa em Miguel Pereira, - onde os filhos foram criados -, para dar-lhes a notícia de que terão de deixar a moradia onde viveram por grande parte de suas vidas. 

Após a morte do proprietário do imóvel, os herdeiros decidem reajustar o aluguel para um valor incompatível com a aposentadoria de Souza. Tentando ganhar tempo para buscar uma solução definitiva, os filhos decidem separar os pais temporariamente: Souza vai passar um tempo com a filha Cora (Ana Velloso/Bella Camero), em São Paulo. Já Lu fica com o filho Jorge (Isio Ghelman), no Rio de Janeiro. Neli (Beth Lamas), a filha que teria a situação financeira mais estável entre os irmãos, promete conversar com o marido, mas antecipa que ele não concordou nem mesmo em ter a própria mãe em casa. O tempo vai passando e o futuro do casal é incerto.

 

A montagem

 

 Em cena, apenas uma mesa e cadeiras. Em cada lateral do palco, há objetos de usos variados, chamados pelo diretor de "despojos domésticos". Camas, cadeiras, máquinas de escrever, malas compõem um espaço que pertencerá mais aos atores e sua preparação para entrar em cena do que aos seus personagens. A ação, centrada neste núcleo familiar, é conduzida por um "clown / mestre de cerimônias", Kadu Garcia, ator que abre o espetáculo e responde também pelos papeis dos personagens interlocutores desta família - um médico, uma mulher da sociedade, o patrão de Jorge.

 

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