Em meio ao Dia Mundial da Alimentação, nutricionista avalia a situação do tema
A Organização Mundial da Saúde, recentemente, revelou dados preocupantes quanto ao número de pessoas com doenças alimentares no mundo. De acordo com a organização, os índices de obesidade e diabetes subiram 60% e 61%, respectivamente, nos últimos 10 anos, ao redor do planeta. Observando esse dado, hoje (16/10), comemora-se o Dia Mundial da Alimentação, que desde 1940 se propõe a conscientizar as pessoas acerca de uma alimentação mais saudável.
De acordo com a nutricionista e presidente da Associação de Nutricionistas do Distrito Federal (ANDF), Simone Cunha, o consumo de alimentos processados e ultra processados, na maior parte das vezes é o agente que impulsiona as doenças alimentares. “Além disso, o sedentarismo e o baixo consumo de leguminosas, frutas e verduras contribuem”, explica.
Alimentação do brasileiro piorou
Mesmo no Brasil, a média global prevaleceu, e, conforme pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada no início desse ano, na última década, a obesidade no país subiu de 11,8% em 2006, para 18,9%, em 2016. Essa realidade atinge um em cada cinco brasileiros.
Segundo a presidente da ANDF, o hábito alimentar do brasileiro, com o passar do tempo, foi se deteriorando. “Antigamente, o almoço e o jantar, por exemplo, vinham das nossas casas. Era comum se comer comida de verdade”, recorda.
Para Simone, a causa da falta de educação nutricional está em políticas públicas, que, de acordo com ela, deram renda para a compra dos alimentos, mas não deram a informação necessária sobre quais seriam os melhores produtos a se consumir.
“Matou-se a fome, porém não houve a nutrição”, atesta. “Em vez de optar por frutas, verduras e similares, o brasileiro dá preferência por salgadinhos, enlatados, pratos congelados, entre outros”, completa.
Atualmente, o ministério da Saúde vem protagonizando o retorno das tradições alimentares, o que Simone vê como uma perspectiva positiva para a saúde no Brasil.
Obesidade infantil preocupa
Um Relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) aponta o aumento do sobrepeso também na população infantil. Estima-se que 7,3% das crianças menores de 5 anos estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas: 7,7%.
Para Simone, a falta de atividades físicas é a maior culpada, mesmo que comparada com a qualidade alimentar das crianças. “Diversos fatores podem ter levado a esse dado desastroso, mas o principal, talvez, seja o aumento da sensação de insegurança da população, que prefere manter os filhos dentro de casa, em vez de brincando na rua”, afirma.
Junto a isso, o sedentarismo vem sendo ampliado pela utilização dos smartphones e tablets pelas crianças. Os videogames substituíram o cotidiano infantil. “É mais seguro para o pai deixar o filho brincando no tablet, dentro de casa, do que ir jogar bola na rua ou brincar no parquinho”, supõe.