Obras, como um novo acesso à EPTG, buscam melhorar o tráfego na região
Depois de toda uma vida morando no Plano Piloto, a funcionária pública Jéssica Alvares mudou seu eixo para Águas Claras. Ali, encontrou facilidades, proximidades e uma região independente. As vantagens, porém, ficam em segundo plano pelas horas perdidas no trânsito da cidade, onde ela leva 30 minutos para percorrer um quilômetro: “Pensamos em nos mudar”, admite. A esperança vem de intervenções que prometem diminuir o congestionamento no balão que dá acesso a uma faculdade, um shopping e um supermercado, e causa um nó nas vias.
A última obra começou na segunda-feira e deve terminar no fim da próxima semana: um acesso da marginal da Estrada Parque Taguatinga à pista principal, cerca de um quilômetro antes do balão da Uni- euro. A construção beneficia veículos que saem pelo primeiro acesso de Águas Claras, na Rua Araçá.
Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), tudo foi projetado para que o acesso à rodovia seja possível sem conflitar com quem tenta entrar na cidade. Ainda não se sabe o custo final do investimento. Isso deve ser levantado posteriormente com os diários de serviço.
Perto dali, o balão da Avenida Araucárias passou por ampliação e a rua ganhou um retorno. “Não resolve o problema, mas ajuda muito”, acredita Jéssica Alvares, citada no início da reportagem. “Tudo fica engarrafado, é impossível sair do condomínio. As obras devem pelo menos diminuir a intensidade do trânsito. Já tínhamos decidido mudar, mas vamos dar uma nova chance para ver se melhora”, afirma.
“Boom” imobiliário
A 20 quilômetros do centro da capital do País, Águas Claras ainda detém o título de maior canteiro de obras da América Latina. Criada na década de 1990, a região administrativa cresceu em ritmo acelerado e ainda atrai investimentos de incorporadoras e atenção de moradores. Segundo a última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), são 148 mil residentes divididos em mais de 50 mil moradias – 90,92% deles com automóvel na garagem.
Pela dimensão, a desordem até poderia ser prevista, mas não parece ter sido considerada devidamente por parte dos órgãos de controle. Com o transtorno constante, agora o governo faz intervenções para diminuir o impacto. São obras, construções de viadutos, mudanças nos sentidos das vias e de sinalizações, alterações em cruzamentos e implementação de quebra-molas.
Saiba mais
Nesta semana, acontecem instalações de meios-fios e pinturas de sinalizações horizontais. O governo deve ligar o semáforo da Avenida Jequitibá e retirar o poste de energia na via exclusiva da rotatória da Araucárias para o Pistão Sul. Também teve início a construção de um muro de arrimo para que uma faixa exclusiva da Rua Copaíba para a rua Araçá seja construída.
No mês passado, o Detran, o DER, a Novacap e a Administração de Águas Claras acrescentaram uma faixa para circulação no balão da Avenida Araucárias para quem acessa da Rua Copaíba.
Falhas ainda são evidentes
A Associação de Moradores e Amigos de Águas Claras (Amaac) se diz confiante com as obras que tentam diminuir os engarrafamentos. “O acesso direto à EPTG traz muita vantagem, mas reparos ainda são necessários naquela região. É preciso retirar a entrada da faculdade do meio do balão. Não adianta fazer intervenção se o problema vai continuar ali”, opina o presidente Roman Dario. A Unieuro admite a intenção de desativar este acesso, mas não esclareceu o que impede até o fechamento desta edição.
Especialista de trânsito, Márcio de Andrade diz que o aumento do fluxo de veículos era previsível e deveria ter sido considerado no passado. “Em 2012, Águas Claras era um dos maiores canteiros de obras da América Latina e, com as projeções, poderia-se prever e prevenir. Houve uma falha no passado, mas tudo o que venha a contemplar para a melhoria deve ser feito”, acredita. Para ele, intervenções pontuais não resolvem o problema, que depende de estudos de engenharia para solução permanente